segunda-feira, 7 de junho de 2021

MEMÓRIA CULTURAL - Vamos brincar de boneca?

 

Maria Lélia e uma de suas bonecas de pano

Olhando minhas bonecas, fiquei pensando na capacidade de transportarmos para um mundo de pura imaginação. Cada boneca tem nome e uma história, porque assim conservo a alma daquela menina que brincava muito, com o que tinha ao seu redor. Uma simples casca de melancia, sabugo de milho, folha, terra, areia e pedra, tudo podia ser transformado em casas, brinquedos e bonecas, que compunham meu cenário infantil, tornando-me a menina mais feliz do mundo!

            A boneca de pano é a forma mais simples de confecção de tecido e algodão, podendo ser preenchida com diversos materiais como: palha, restos de retalhos, folhas, etc.

            A origem da boneca de pano remonta desde a civilização Babilônica, atravessando séculos desde Egito, Grécia, Roma, China e Japão. Em quase todas as civilizações, a boneca figura como personagem importante para contar a história daquele povo, pois representa a imagem do humano no imaginário daquela cultura. Desde a Antiguidade, a boneca foi recebendo novas formas, ou seja, foi se traduzindo para ser cada vez mais manipulada pelas crianças.

            No Brasil, a boneca de pano se tornou marca forte da arte popular, porque cada região tem sua etnia e cultura própria, de acordo com as cores e vestimentas ou estilos, que transpõem para as bonecas, permitindo desta forma representar a cultura de um lugar.

            A minha boneca caçula, foi feita por Maria Lélia Santana. Ela me contou que desde sua infância, criava suas bonecas com o que tinha, com o tempo foi aperfeiçoando. Recorda que, quando o CPCD- Centro Popular de Cultura e de Desenvolvimento, instalou o Projeto “Ser Criança”, em Araçuaí, por volta de 2010/2011, passou a confeccionar com mais intensidade e de vários estilos. Disse ainda que, à medida que vai criando, sente satisfação e prazer, ao olhar a sua criação ao final, e ainda, quando uma criança ganha sua boneca.

            Atualmente seu trabalho tem sido absorvido por professores. Não apenas pela via da ludicidade, mas também pelo fato de que a boneca de pano salta do monopólio infantil para encontrar conexões nas vias de decoração e comunicação. Ela confecciona em tamanhos pequenos, médios e grandes, gasta uma média de dois dias para completar o processo.

            Assim como Maria Lélia, existem algumas mulheres que se mantêm nesta arte, resistindo aos intensos “golpes” da indústria de brinquedos. As bonecas de pano sobrevivem, graças às meninas crescidas, que adoram brincar com suas bonecas. Por isso estou com uma vontade de brincar! Vamos brincar de boneca?



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8 comentários:

  1. Parabéns. Ótimo texto!!
    Estou sempre conectado no Blog.

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    1. Meu amigo Gibi, agradeço! essa participação é um incetivo aos colunistas e para a existência do blog.

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  2. Memórias uma base sólida que nos conduz a esperança de que o tempo não para, mas também carrega consigo os traços da história que não morre. E nos remete a existência da pureza do ser e ter um passado que se faz presente.

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  3. Adoro brincar. Adulta, temos menos tempo, temos outras brincadeiras, mas a imaginação da neblina nunca morre.

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