Fotos: Milene Gomes |
Aqui
to eu pra falar de um lugar que tem nome de comida,
Nasceu
do garimpo
E
tirar as pedras pra dançar
Fe,
fatura, e amor é que aqui não pode faltar.
Da
pontinha do alto Vale que eu vim aqui para conversar
Ela
filha de Diamantina
E
que tem encantar
Simbora
nesse trem que nós vamos viajar.
Sopa,
nasceu do garimpo por aqui o mês de maio é um dos maios esperados do ano,
festejamos Santa Rita com muita fé e devoção, nos tempos do garimpo as coisas
eram mais difíceis por aqui, mas um povo que é da terra, que sabe da terra e
com ela sabe viver suas dores, sabe também fazer tinta da terra, nos maios as
casas se vestiam de pó de tabatinga temperado com água e fubá para que as
paredes cintilassem exuberância, o melhor enxoval era guardado para aquele mês,
especialmente o dia 22. Os quintais cheiravam lenha acesa com canela
compenetrando a essência da quitanda caseira, carros não paravam de chegar e
com eles grande barracas e brinquedos e lá no alto da praça a sonoridade de
fogos e sinos marcavam a festividade se aproximando, as ruas exalavam um cheiro
diferente, misto de amizade com saudade, de café com devoção.
As
estradas eram pingadas de areia de cores diversas, colchas na janelas, gentes e
rezas, por aqui e acola e nos outros meses se alguém precisar!? Fulano tá de
mal olhado? Vá logo se benzer! Três galinhos de arruda e eu tiro pra você. Em
nome da trindade Santa uns gestos em cruz e a pessoa tá nova de novo.
“Ai não to me sentindo bem” o que você sente?
Ta
la a resposta na ponta da língua chá de boldo... Chá disso, chá daquilo, tantas
folhas, coloca pra ferver e toma...
E o
povo gosta de uma lua e uma fogueira, uma noite violeira, folia de reis sem parar pelas altas madrugadas um grupo sai
a cantar.
Isso
é só um tiquim da Sopa, que saber um pouco mais??? Venha nos conhecer!
Observação
do nome:
A
narrativa comunitária diz existia dentro dos rios umas panelas arredondadas e
dentro delas uma massa argilosa de coloração avermelhada “efervescente” que
dava muito diamante ai as pessoas iam conversando e firmou o nome Sopa.
Foto: Gaspar Assis - 2015 |
Texto:
Milene de Cássia Gomes.
Poeta-professora-artista e amante da arqueologia.
Especialização em ensino de geografia
Mestranda em ciências humanas
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