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Vale do Jequitinhonha registra
grandes enchentes na década de 1920, causadas pelas cheias do Rio
Jequitinhonha, em seguida na década de 1930 a região é assolada por períodos prolongados
de estiagem é a fome assola toda região.
E foi durante esse grande período
de seca, que a fome atingiu também o município de Itinga. E a história aqui
narrada aconteceu justamente nesse período e se tornou uma das lendas do município.
Existia naquela época uma
grande lagoa nos arredores da cidade e essa possuía uma variedade e quantidade
de peixes, e para matar a fome muitos se dirigiam à lagoa para pescar, mas a
pesca descontrolada causou a diminuição dos peixes.
O proprietário das terras
onde havia a lagoa, não gostando das pescarias em suas terras juntou–se com as
autoridades e decretou a proibição da pesca, no entanto alguns mais afoitos e
famintos se arriscavam a pescar mesmo sabendo que corria o risco de serem
atuados em flagrante e presos.
Não se sabe como, mas os
peixes da lagoa começaram a virar cobras pretas, lisas e desdentadas, tendo
quase um metro de comprimento, não picavam, mas enroscavam nas redes e nos
anzóis dos pescadores.
Todos ficaram apavorados
com aquele acontecimento, por isso eles acreditavam que os peixes viraram
cobras como castigo à proibição da pescaria que ajudava a saciar a fome de
muitos.
A lagoa existe até hoje e
nunca mais se viu nem um peixe em suas águas, o volume das águas diminuiu com o
passar do tempo e segundo relatos da época foi preciso enterrar centenas de
peixes–cobras. Além disso, como relatavam os mais velhos, varias desgraças pairou
sobre a família dona das terras que outrora proibiu que se saciasse a fome dos
filhos de Deus.
As lendas ajudam a contar
a história de um povo, algumas criadas pelo imaginário popular para explicar
alguns acontecimentos e em outros momentos essas são histórias verídicas que se
tornam lendas com o passar do tempo. Se os peixes realmente viraram cobras
devido a ganância do fazendeiro nunca saberemos ao certo.
”Entrou na perna do pinto, saiu na perna do pato, diz o rei que
você conte mais quatro”.
Texto extraído do livro: " Memórias de Itinga" de Jô Pinto
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