Você é uma escritora jovem e bastante já bastante consciente
de sua literatura. Conte um pouco sobre a mulher Hérica que vem ganhando
destaque na literatura regional.
-Primeiramente queria agradecer pelo espaço de fala. Eu sempre guardei a minha escrita, só para mim. Não costumava dividir com ninguém porque acreditava que as pessoas não iriam refletir os meus versos como esperava. Mas então, algumas pessoas passaram a entender, alguém sentiu o toque dos meus versos. Inspirações vieram, mãos amigas me levantaram e resolvi me abrir para o mundo. A Hérica poeta/escritora é a Hérica que conheço desde sempre, de sonhos, de momentos, de luta. A escrita foi um refúgio, um consolo, um meio que encontrei para me manter de pé em meio os desafios que surgiam em minha vida. Com seis anos de idade passei a ter uma rotina frequente em hospitais, com nove anos fui diagnosticada com Acalásia, doença rara, sem cura e com poucas opções de tratamento, foram exames, cirurgias, hospitais e mais hospitais. Eu vi a minha infância passar, as pessoas me olharem com outros olhos. E então fui me isolando, e nesta minha solidão encontrei a escrita como amiga. E com ela fui caminhando rumo a minha libertação. Acredito que a Hérica de hoje, é uma mulher de luta, guerreira, feita de poesia, que espera que seus versos possam tocar outras pessoas.
Dede quando você escreve, o que lhe inspira? Quais os seus
gêneros de escrita? Você tem publicações?
-Que eu lembro, comecei a escrever com 8 anos, escrevia poesias. A partir dos 10 anos comecei a escrever teatros e com 18 anos comecei a experimentar a poesia slam e contos. Em 2020 decidi escrever algo maior, escrevi um livro de poesias, um livro de autoajuda, ambos não publicados. E escrevi um romance “Cartas para a lua” que publiquei no formato ebook pela Amazon. Escrevi este ano um outro livro de poesias com uma amiga, Marilete, mas também não publicamos. Minha primeira publicação impressa veio com uma coletânea poética, “Retalhos 2” com 3 poemas. E em julho terá o laçamento de uma outra antologia “Vozes da margem, vozes na margem: Narrativa fora de centro” na qual participei com um conto. De maneira geral, escrevo poesias, contos, romances, cronicas, um pouco de tudo, além da escrita acadêmica.
Tudo me inspira, principalmente as coisas
simples, os momentos marcantes, que vão desde uma gota de chuva até um futuro
distante. O tempo, eu amo falar do tempo, o tempo que se passou, o presente e o
tempo que ainda desconheço. Faço da poesia o meu respirar. O contato com a
natureza traz leveza a meus versos, gosto muito de escrever para a lua, minha
paixão cotidiana.
Qual a importância da literatura na sua vida?
-A literatura é tudo. Sabe, ler outras pessoas
nos fortalece, não só em termos de gramática, mas sim em pensamento, em
atitudes. A literatura é a nossa maior libertação.
Hérica, dizem que a leitura é fundamental para a escrita.
Você concorda? Você é uma boa leitora? Quais as suas leituras favoritas? Quem
são suas referências literárias?
-Sim, claro. Tem épocas que chego a ler três
livros por semana, a leitura é sim uma salvação. Eu gosto de ler poesias,
romances, desenvolvimento pessoal, autoajuda… na verdade eu gosto de tudo e um
pouco mais. Tenho buscado referências na Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo,
Samanta Silvany, Aline Bei e no Pedro Salomão, e claro em Herena Barcelos.
Hoje você cursa a graduação de Engenharia Agrícola e Ambiental no
IFNMG/Campus Araçuaí. A vivência no meio acadêmico traz alguma influência na
sua literatura?
-Muito mesmo. Primeiro que a engenharia me
trouxe muitos amigos que me fizeram enxergar a grandeza da minha escrita e que
eu pude arrastar comigo para a poesia. Em 2018, quando iniciei o curso de
engenharia passei também a conversar com a psicóloga da instituição, ao ouvir
uma das minhas poesias ela começou a querer saber mais sobre mim e minha
escrita, e ela mim deu forças, me orientou, me fez ver o sentido dos meus
passos, Cris se tornou uma grande amiga, e com ela percebo a dimensão que meus
versos podem alcançar. Participei de muitos eventos acadêmicos e com
oportunidades de falar sobre a escrita feminina.
Você é uma das coordenadoras do Leia Mulheres
Araçuaí. Como é o trabalho desse coletivo? Qual a importância dele para a
literatura no Vale do Jequitinhonha?
-O Leia Mulheres Araçuaí é um coletivo de
leitura, onde todo mês fazemos a leitura de um livro escrito por uma mulher e
nos reunimos para fazer uma discussão sobre este livro. Estou na coordenação do
Leia junto com minhas amigas Herena, Thaisa e Amanda. Um coletivo que trata
exclusivamente sobre a literatura escrita por mulheres é muito importante, para
o mundo todo, como forma de valorização desta literatura e quebra do
patriarcado, além do mais podemos mostrar a força que nosso Vale tem para
lutar. Somos um povo forte, temos uma literatura forte, conhecer e apreciar a
leitura de mulheres nos leva a quebrar muitos paradigmas. Eu amo o Leia.
Você manifesta relação com a poesia marginal.
Como ela se desenvolve no Vale? Qual a sua trajetória nesse campo?
- Comecei a mim interessar pela poesia marginal
em 2017, mas ela só ganhou força em mim em 2018. Ao sair do ensino médio e
ingressar em uma faculdade federal passei por muitas transformações. Comecei a
assistir alguns slams no youtube e então comecei a perceber que aquelas vozes
também era a minha voz. Eu sinto todos as injustiças contra o meu povo preto,
contra as minhas manas e a poesia da margem é uma forma de gritar, gritar alto
que não desistimos, ainda estamos de pé. Antes de opiniões e pensamentos, a
poesia marginal é resistência, luta, a gente consegue fugir do real estando no
real. A poesia marginal se desenvolve no Vale através das Batalhas de rimas,
slams, sarau e também com os vários sons de rap que as manas e manos vem
soltando aí, não temos muita visibilidade, mas estamos criando o nosso espaço
de resistência, de fala.
Quais os seus sonhos, projetos e próximos passos na
literatura?
Eu tenho muitos sonhos e muitas paixões. Tenho
meu lado com a arte e meu lado com a engenharia, caminho com ambos e me
fortaleço em ambos. Meu maior sonho é tocar só mais um com meus versos, ter um
livro publicado em edição impressa e receber um autográfo da Conceição
Evaristo. Tenho muitos projetos na engenharia, eu sei que quero ajudar muita
gente. Em relação a Literatura pretendo deixar as coisas fluirem, mas
caminhando com garra e coragem, quero escrever alguns livros e reunir algumas
poesias, além disso quero levar meus amigos poetas comigo, tem muito brilho que
não pode ficar oculto. Comecei uma pagina coletiva no instagram onde estou
trazendo poetas/escritores para mostrarem nossa arte.
Alguma coisa a mais que gostaria de nos contar?
Eu agradeço muito pelo convite, uma honra está
falando de mim para vocês, me sinto chic já (rsrs). É sempre bom falar de
escrita, em especial de poesia. Queria encerrar com um verso meu, que tem muito
efeito em minha vida, “Enquanto os meus passos forem meus, os meus versos
ecoaram a minha voz”! Abraços...
Por fim, diga-nos onde lhe encontrar, redes sociais, e-mail,
obras à venda.
Facebook: Hérica Silva
Instagram: @herica_s.o e @poetas.ao.acaso
Email:hericacardosovieira@gmail.com
telefone: 33 999618938
Agenda
Tomando Conhecimento –
Sexta-feira, 18 de junho, Herena Barcelos convida Thaisa Martins.
Ótima entrevista, Érica! Parabéns!
ResponderExcluirProf. Magno
Parabéns Hérica!! Vc eh luz
ResponderExcluirParabéns Hérica!! Vc eh luz
ResponderExcluirLindas palavras como vc é tão inteligente
ResponderExcluirQ Deus abençoe vc cada dia mais e mais
Adoro vc linda,uma amiga que eu quero ter a vida toda,vc é muito especial pra mim 🌹👏❤🥰😘
Quanta sensibilidade, beleza e poesia presente nessa menina! É um orgulho para mim, conhecer e participar de alguns espaços com a Hérica!
ResponderExcluirSegue firme!
Abraços
Neca