Foto: Jô Pinto |
Aldeia do Pontal,
fundada pelo Padre Carlos Pereira de Moura foi palco de uma contenda com
Luciana Teixeira, mulata destemida e independente. Porque o padre com seus ideais
de uma cidade próspera e com preceitos cristãos. Ela com desejo de empreender uma
cidade livre e moderna.
Este embate resultou
na expulsão das mulheres e Luciana Teixeira, muito astuta, levou sua frota para
a parte mais alta do rio Araçuaí, instalando-se na Fazenda Boa Vista do Calhau,
que mais tarde virou a cidade de Araçuaí, em 1871.
E, na antiga Barra do
Pontal, encontramos um casal de artesãos, Sebastião Moreira Santos, com seus
setenta e seis anos e sua companheira Eva Rodrigues da Silva com sessenta anos.
Seu Tião como gosta
de ser chamado, revela em voz mansa, baixa e sorridente, como despontou e se
descobriu neste ofício, acompanhado pela sua companheira que também aprendeu o
ofício.
Nascido na Fazenda
Santa Rita, município de Coronel Murta, a história de sua família remonta ao
processo de miscigenação entre índios, negros e brancos trabalhadores da região
de Coronel Murta. Seu Tião se autodeclara “Caboclo”.
Foi casado com uma descendente
dos povos originários Aranãs, no qual constituiu família, mas depois se separou
da sua esposa.
No final dos anos de
1990, passou a acompanhar sua filha Luíza Índia Aranã, em eventos culturais,
expondo peças como colares, brincos e pulseiras que representam a sua etnia
indígena.
Com o tempo resolveu
criar suas próprias peças, no qual fazia quando criança para brincar, peças
feitas de madeiras: Figuras humanas e os bichos que ele observa nas matas do
cerrado do Vale do Jequitinhonha.
Sua primeira
exposição a convite da diretoria da FECAJE na época foi no FESTIVALE, do ano de
2010, na cidade de Padre Paraíso/MG. A arte, que ele gostava de fazer desde
criança, para sua emoção foi muito bem recebida, todas as peças foram vendidas.
Ele se sentiu muito
valorizado, e resolveu seguir desenvolvendo e aprimorando seu trabalho.
Ele revela que usa
madeira seca de arvores já morta, preferencialmente a emburana, por ser leve e
fácil de manusear. Conta que cada peça é
batizada por um nome, seu trabalho já foi até para o exterior.
Em 2017, houve uma exposição em Belo Horizonte, denominada de “Exposição Aparecida – 300 Anos”, no Centro de Arte Popular – Cemig, integrante do Circuito Liberdade, ele se sentiu muito lisonjeado e assim ele relata o porque:
“O
Secretário estadual da Cultura, Seu Ângelo Oswaldo, mandou buscar nós em casa,
hospedou a gente num hotel chique e ainda ganhei um prêmio. Ver minha arte
junto de outros artistas renomados foi bom demais”
Ele segue firme na confluência
dos rios Araçuaí e Jequitinhonha, no distrito de Itíra, produzindo seu
artesanato e contribuindo para o fortalecimento da memória cultural do Vale do
Jequitinhonha.
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