Depois
de 23 anos sagrando-se como o maior evento literário do Vale do Jequitinhonha e
uma vitrine para escritores regionais, a Noite Literária do FESTIVALE ganhou a
primeira antologia para registro e valorização da literatura produzida e
degustada na região.
A
importância da obra, para além da beleza indiscutível da poesia, se dá ao
guardar para as futuras gerações os registros do momento, fundamental para a
literatura do Vale. A 23º Noite Literária, aconteceu em Felisburgo e homenageou
o escritor Robson Waite, que teve lançado seu livro Compreendendo Deus. Foram
apresentados também ‘Momentos Sertanejos’ de Virgínia Baracho e ‘Caminhar’ de
Dyego Maltz. O coletivo dos poetas e escritores do Vale do Jequitinhonha lançou
a coletânea ‘Antologia dos Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha’, uma
obra celebrativa do primeiro encontro realizado em Itinga-MG, em maio de 2018.
Tudo isso está hoje registrado na obra.
O
livro conta com um poema de cada um dos escritores inscritos no processo, cerca
de 40 obras, destacando os dez classificados para apresentação na noite do dia
24 de julho de 2018, além dos três premiados. Há um delicioso contraste entre
poetas consagrados e novos escritores, valinos e forasteiros, poemas rimados,
poemas livres, além da miscelânea de temáticas. Um verdadeiro mosaico literário
de sentidos e sentimentos.
E o rio sente o arrepio encrespando-lhe
a superfície,
É, pois, o fim do seu ofício:
Ser a líquida-voz do povo do vale que
luta e teima, e crê, e busca...
E de forma brusca, o rio se deixa salgar
e a voz se torna múltipla, oceânica,
E o rio encerra seu (per) curso: ele
chega, enfim, ao mar!
Fragmento de (PER)CURSO DE RIO, de
Jucilene Vieira, poema vencedor da noite
O
convite para fazer o prefácio foi uma das maiores surpresas que já tive na
vida. Sou apaixonada pela Noite Literária desde que eu era uma criança — em
1998 o FESTIVALE aconteceu em Itinga — e vi tantos e tantos poetas que admiro
se consagrarem em seus palcos, tive a certeza de que a literatura me deu tudo
que sonhei um dia, fazer parte do movimento literário do Vale do Jequitinhonha.
Compartilho parte do prefácio:
Eu
escrevo de dentro do vale. Um Vale Poético. Aqui, a poesia é, antes de qualquer
expressão, o nosso caminho de vida. E, então, é expressão também. Na crueza e
singeleza da convivência cultural, estando no dia a dia com quem luta pela
poesia de nossa terra, é que me entendi. Eu sou poeta. E há tantos!
A
FECAJE – Federação das Entidades Culturais e Artísticas do Vale do
Jequitinhonha, que cuida da realização do FESTIVALE e outros momentos
culturais, foi assertiva ao lançar a antologia. O movimento literário segue
sendo espaço de construção coletiva de nossa identidade e, assim, de nossa
beleza. A poesia no Jequitinhonha é vento.
Por
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