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| Imagem gerada por IA |
Em Jequitinhonha tem o bar de Zé Ameixa, ponto
tradicional dos pinguços de plantão. O bar possui fregueses tradicionais e
frequentes como Nicolau Cinzano.
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Cinzano já tem sua mesa cativa, chegando sempre
no início da noite. Pede sua cerveja e puxa assunto com o primeiro que
aparecer. Num desses dias, ele tomava sua cervejinha
quando chega Pereirinha, também velho conhecido no local. Os dois começam a
botar a prosa em dia, enquanto Zé Ameixa preparava uma "macaxeira".
No meio do papo entram Heitorzinho e Neilton. Foram convidados a sentar e fazer
parte do proseado. Os quatro pareciam ter assunto para uma
eternidade. Já tinham bebido uma grade de cerveja e mais um litro de cachaça. A
prosa estava tão comprida que deixou Zé Ameixa com sono. Zé Ameixa já estava acostumado com os quatro,
ao ponto de fechar o boteco e deixá-los lá dentro. No outro dia só tinha o
trabalho de contar as cervejas, os litros de pinga e anotar nas respectivas
contas, pois eles eram de sua confiança. Para não perder o costume, Zé Ameixa se
despediu deles, fechou a porta e foi para casa. Logo após a saída de Zé Ameixa, Nicolau Cinzano
foi até o fundo do boteco pegar mais uma cerveja no congelador. Acabou
encontrando os galos de briga de Zé dentro de um poleiro de madeira. Teve então
a "brilhante idéia" de improvisar uma rinha no meio do boteco, cada
um ficou com um galo, botando os quatro coitados para brigar entre si. Esse
frejo varou toda madrugada. De manhã, Zé Ameixa chega para arrumar o bar
para o movimento de sábado, dia de feira. Abriu a porta e começou a ajeitar
mesas e cadeiras. Foi olhar como estavam os quatro boêmios. Encontrou-os
escornados sobre as mesas, mas levou um grande susto. Viu os seus galos de
briga mortos e depenados por todos os lados. Pelo jeito o torneio de Cinzano
não teve intervalo para descanso. A raiva foi tanta que Zé Ameixa não se
conformou com tamanha judiação. Tratou de acordar os boêmios com um grito que
escutaram na rua. Eles levantaram cambaleando, dando tempo apenas de correr,
pedindo ajuda, pois o homem mais parecia uma onça suçuarana. Nicolau Cinzano e Pereirinha tiveram de vender
muita galinha e leitão para cobrir o prejuízo. Boa parte dos salários de
Neilton e Heitorzinho foram usados para saldar a brincadeira de mau gosto.
Nunca mais ninguém se aventurou brincar de rinha, pois Zé Ameixa não ia deixar
barato outra "proeza".
Conto extraído do livro “ Deixa que eu conto
histórias do Jequitinhonha”, lançado em 2000, de Marco Antônio Pereira Botelho,
natural de Belo Horizonte. Por |


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