sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

CONHECENDO O JEQUI - Os Prostíbulos na formação histórica de Itinga/MG


 

A história da formação de Itinga, município do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, é marcada por episódios curiosos que revelam a dinâmica social e cultural da região. Entre os relatos populares, destaca-se a existência de dois prostíbulos que se tornaram parte do imaginário coletivo da cidade nascente.

No final do século XIX, Itinga  tinha o principal porto comercial da região  “seu comercio era muito intenso, pois era um porto estratégico de convergências das tropas do sertão, servindo como ponto de parada para quem vinha do norte para o sul, estas tropas vinham de Montes Claros, da região do São Francisco e Salinas, neste porto paravam estas tropas com produtos do sertão rumo a Bahia, para embarcar nas canoas, pois a navegação naquela época já era muito intensa no rio Jequitinhonha, a posição da vila a margem do rio Jequitinhonha deu lhe durante muitos anos o comando da na navegação do rio e do comercio”. ( PINTO.p 34.)  

De um lado do rio Jequitinhonha, erguia-se a famosa Sete Portas, um prostíbulo que ganhou notoriedade não apenas pelo nome peculiar, mas também pela movimentação constante de canoeiros que ali aportavam em busca de descanso e diversão. Do outro lado, havia outro estabelecimento semelhante, mas que não se tem registro do nome, mas  igualmente dedicado a atrair os viajantes e trabalhadores que dependiam das águas do rio para o transporte de mercadorias e pessoas.

Esses dois espaços disputavam intensamente a preferência dos canoeiros e tropeiros. A rivalidade não se limitava às mulheres que ali trabalhavam, mas também às estratégias de sedução: música, festas improvisadas e até mesmo a oferta de melhores acomodações eram utilizadas como forma de conquistar clientela. O rio, que era a principal via de circulação, tornava-se palco dessa disputa simbólica, pois cada margem representava uma escolha e uma experiência distinta.

A presença desses prostíbulos, longe de ser apenas um detalhe pitoresco, revela aspectos importantes da formação de Itinga. Mostra como o município nasceu em meio ao fluxo de viajantes, ao comércio fluvial e às práticas sociais que se desenvolviam em torno da vida ribeirinha. A disputa entre a Sete Portas e seu concorrente ilustra a vitalidade cultural da região e a maneira como espaços marginais também contribuíram para a identidade local. Fato curioso é que justamente essa disputa que acabou por gerar o nome de um dos locais, o Bairro Porto Alegre tem esse nome, porque diz a oralidade que os canoeiros e tropeiros diziam que as prostitutas do outro lado das  Sete Portas, eram mais alegres..

Assim, a história de Itinga, como de tantas outras cidades de nossa região, não pode ser contada apenas pela oficialidade dos registros administrativos ou pela construção de igrejas e praças. Ela também se compõe das narrativas populares, das rivalidades curiosas e das memórias que, mesmo ligadas a ambientes de boemia, ajudaram a moldar o caráter da cidade e de seu povo.

 

Referência

PINTO. José Claudionor dos Santos. Memórias de Itinga. Centro Cultural Escrava Feliciana. 2009.


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