A
história da formação de Itinga, município do Vale do Jequitinhonha em Minas
Gerais, é marcada por episódios curiosos que revelam a dinâmica social e
cultural da região. Entre os relatos populares, destaca-se a existência de dois
prostíbulos que se tornaram parte do imaginário coletivo da cidade nascente.
No
final do século XIX, Itinga tinha o principal
porto comercial da região “seu comercio
era muito intenso, pois era um porto estratégico de convergências das tropas do
sertão, servindo como ponto de parada para quem vinha do norte para o sul,
estas tropas vinham de Montes Claros, da região do São Francisco e Salinas,
neste porto paravam estas tropas com produtos do sertão rumo a Bahia, para
embarcar nas canoas, pois a navegação naquela época já era muito intensa no rio
Jequitinhonha, a posição da vila a margem do rio Jequitinhonha deu lhe durante
muitos anos o comando da na navegação do rio e do comercio”. ( PINTO.p 34.)
De
um lado do rio Jequitinhonha, erguia-se a famosa Sete Portas, um prostíbulo que
ganhou notoriedade não apenas pelo nome peculiar, mas também pela movimentação
constante de canoeiros que ali aportavam em busca de descanso e diversão. Do
outro lado, havia outro estabelecimento semelhante, mas que não se tem registro
do nome, mas igualmente dedicado a
atrair os viajantes e trabalhadores que dependiam das águas do rio para o
transporte de mercadorias e pessoas.
Esses
dois espaços disputavam intensamente a preferência dos canoeiros e tropeiros. A
rivalidade não se limitava às mulheres que ali trabalhavam, mas também às
estratégias de sedução: música, festas improvisadas e até mesmo a oferta de
melhores acomodações eram utilizadas como forma de conquistar clientela. O rio,
que era a principal via de circulação, tornava-se palco dessa disputa
simbólica, pois cada margem representava uma escolha e uma experiência
distinta.
A
presença desses prostíbulos, longe de ser apenas um detalhe pitoresco, revela
aspectos importantes da formação de Itinga. Mostra como o município nasceu em
meio ao fluxo de viajantes, ao comércio fluvial e às práticas sociais que se
desenvolviam em torno da vida ribeirinha. A disputa entre a Sete Portas e seu
concorrente ilustra a vitalidade cultural da região e a maneira como espaços
marginais também contribuíram para a identidade local. Fato curioso é que
justamente essa disputa que acabou por gerar o nome de um dos locais, o Bairro
Porto Alegre tem esse nome, porque diz a oralidade que os canoeiros e tropeiros
diziam que as prostitutas do outro lado das Sete Portas, eram mais alegres..
Assim,
a história de Itinga, como de tantas outras cidades de nossa região, não pode
ser contada apenas pela oficialidade dos registros administrativos ou pela
construção de igrejas e praças. Ela também se compõe das narrativas populares,
das rivalidades curiosas e das memórias que, mesmo ligadas a ambientes de
boemia, ajudaram a moldar o caráter da cidade e de seu povo.
Referência
PINTO. José
Claudionor dos Santos. Memórias de Itinga. Centro Cultural Escrava Feliciana.
2009.
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