foto: Internet |
Meu pai era lavrador e
pedreiro e minha mãe professora leiga e ajudante de serviços gerais, os dois
tem uma trajetória parecida em relação à educação.
Meu pai quando terminou a
quarta série (hoje 5º ano) e fez o teste de arguição para a 5º serie, tirou notas
totais em todas as matérias, porém meu avô não permitiu que ele estudasse,
tendo em vista que ele teria que estudar em Araçuaí e ele alegou não ter
condições, mas um professor vendo o potencial de meu pai insistiu, mas meu avô
foi irredutível não permitiu.
O mesmo aconteceu com minha
mãe, quando ela terminou o 4º série (hoje 5º ano) sua professora lhe convidou para
continuar os estudos em Teófilo Otoni, mas meu avô não permitiu disse ele: “se
ela estudar vai querer humilhar as irmãs dela que não tem estudo”.
Esses fatos serviram de estimulo
e eles cresceram acreditando que os filhos deles iriam estudar e ter uma
formação, no qual eles foram privados.
Eu e minhas irmãs tínhamos mania
de ficar escrevendo nas paredes de casa com carvão, então meu pai teve uma
ideia para que as paredes ficassem limpas e para que nós tivéssemos um cantinho
de estudo, ele fez um quadro negro em nossa sala e a transformou em uma sala de
aula, e ali minha irmã mais velha nos ensinava a lição e exercia seu sonho de
ser professora um dia. Depois outras crianças começaram a chegar e nossa sala
virou mesmo uma escolinha e isso perdurou por muitos anos.
Essa persistência de meus
pais pela educação deu certo, seus cinco filhos cresceram acreditando que a
educação é o melhor caminho para se seguir, hoje somos quatro professores de
formação, sendo uma professora de Matemática (Rede estadual educação de Minas
Gerais e rede municipal de educação de Itinga), outra Professora e Assistente
Social (Trabalha como Assistente Social), outra Professora e Assistente Social (Trabalha
como professora alfabetizadora da rede estadual de educação de Minas Gerais e
professora particular de reforço) eu, professor com formação em História e
iniciando o mestrado em Ciências Humanas neste semestre na UFVJM (Trabalho como
Historiador/pesquisador, produtor e gestor cultural) e a caçula da família é Psicóloga.
O quadro negro feito por meu
pai, quando éramos ainda crianças, com certeza é uma boa lembrança e uma
memória de quando minha casa era literalmente uma sala de aula e o quanto aquele
espaço foi importante não só para minha formação e de minhas irmãs, mas para
formação de outras crianças de nossa rua.
Hoje uma de minhas irmãs
transformou nossa garagem em sala de aula de reforço. O quadro negro antes feito
de cimento no qual se usava o giz para escrever, hoje é um quadro branco, no qual
se escreve com um pincel atômico, o quadro pode ter mudado, mas a força da EDUCAÇÃO como mola propulsora de transformação
social continua a mesma.
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