Foto: Gilvan Gonçalves |
Uma das histórias mais peculiares do município de Itinga
é a história que envolve o bairro Porto Alegre e o Bairro do Centro e
adjacentes, ambos os bairros ficam às margens do rio Jequitinhonha, o Porto
Alegre à direita e o centro à esquerda, assim é contada esta história: Com a
chegada dos primeiros habitantes no final do século XVIII, do lado esquerdo da
margem do rio o qual foi povoado primeiro, do outro lado ficou apenas uma
família cujo oficio era a criação de bodes e cabras.
Certo dia um rapaz atravessou o rio para caçar, não
obtendo sucesso na empreitada, viu alguns bodes e não pensou duas vezes, abateu
um dos animais, capando o bichinho e deixando apenas os testículos pendurados na
cerca, seguiu a viagem, mas a família dona dos bodes ficou enfurecida, vieram
até a margem do rio e começaram a esbravejar: "Bando de Vagabundos, tem
razão, moram todos nessa "manga velha"! Era uma alusão ao lugar
conhecido como "mangueiros dos lobatos" onde possuía muitos pés de
mangas (lugar onde a cidade nasceu) só que do outro lado do rio começaram a
zombar da família chamando-os de "capa bode", iniciou-se assim uma rivalidade
secular.
Com o passar do tempo, no inicio do século XIX, foram
chegando outros fazendeiros, depois vieram os canoeiros e tropeiros com seus
comércios e assim várias casas se ergueram no lugarejo, entre elas, uma que
chamava a atenção, era a casa onde moravam as prostitutas. Estas, durante muito
tempo mediram forças com as prostitutas que moravam do outro lado do rio, as da
"casa das sete portas”, disputa que acabou gerando o nome do lugarejo,
tendo em vista que os homens que frequentavam os dois bordéis acabavam dizendo
que as prostitutas do outro lado eram mais alegres do que as das "sete
portas", assim o lugarejo passou a se chamar Porto Alegre. Essa rivalidade entre as prostitutas e o
episodio do bode castrado foi o prato feito para essa rivalidade perdurar ainda
mais. Fato é que a cidade cresceu, e a rivalidade também entre os dois lados da
cidade.
As lavadeiras de roupa ficavam na beira do rio lavando as
roupas e brigando, gritava uma: " bando de capa bode, vem pro lado de cá
se vocês forem mulheres? " Retrucavam as outras: - “Divide o rio capa
Jegue!”. Adotaram o nome capa jegue porque acreditavam que manga velha não era
tão ofensivo, a briga das lavadeiras eram constantes, e a rivalidade entre os
dois lados intermináveis, em tempos remotos ouve até troca de tiros de um lado
contra o outro, isso sem contar as inúmeras brigas quando os jovens dos dois
lados se encontraram nas festas ou em uma partida de futebol.
Com o passar do tempo essas rivalidades se amenizaram,
porém a integração dos dois lados da cidade só se deu por completo com a
construção da ponte, concluída em 2004 e no qual foi uma promessa do então pré-candidato
a presidência da república, Lula, em sua primeira visita a Itinga, na caravana
da cidadania.
A ponte foi um marco histórico para Itinga e serviu de
unificação da cidade tornado-a uma só, com suas histórias de capa bode, capa
jegue e mangas velhas....
Fonte: livro Memórias de Itinga de Jô Pinto
Por
É maravilhoso saber mais das nossas origens.
ResponderExcluirExcelente trabalho Jô!
Valeu amigo, conhecer para entender e respeitar.
ExcluirÈ uma pena que a tecnologia não consiga o exercício da leitura em maior dimensão. Este texto saído da oralidade, faz parte do contexto histórico da cidade. E que na atualidade, por causa da ponte, uma benfeitoria para o translado entre uma região e outra do município, colocou também uma pedra na contenda de ambos os lados.Parabéns!
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