Maria Gabriela Gomes da Silva, é uma jovem de
dezoito anos, órfã de mãe, reside na
comunidade rural de Alto Bravo (popularmente chamada de Bravo), município de
Virgem da Lapa, com sua avó, aposentada, de oitenta e dois anos.
Ela aprendeu por meio de um vídeo na internet,
criou gosto e decidiu convidar uma amiga para servir de cobaia, e desde então,
não parou mais.
Percebeu que havia muitos tipos de tranças e com
significados, só não sabia os nomes, mas já sabia fazer vários daqueles
trançados que via. E cada vez mais foi ficando encantada com tudo que lia. Desta forma passou
a interessar ainda mais pelo assunto, e, aprendeu a colocar preço em seu
trabalho, pois precisava de materiais e o tempo que desprendia, impedia de
fazer os trabalhos domésticos.
Neste movimento descobriu que era possível ganhar
uns trocados e ainda ajudar sua avó nas despesas da casa, porque atualmente
sobrevivem com a lavoura de subsistência.Com o tempo não era mais um passatempo,
mas geração de renda, à medida que as pessoas lhe procuravam, foi assim que se
tornou trancista.
Estudante de escola pública, terminou
recentemente o curso de Técnico de Agropecuária, na Escola Família Agroecológica
de Araçuaí. Ao final do curso tinha de escolher uma experiência, que servisse
de base para uma profissão real e assim encontrar soluções para problemas da
vida produtiva. Ela não teve dúvida pela escolha de seu trabalho de projeto profissional
do jovem-PPJ. Apresentou o projeto de trancista
como objetivo de gerar renda ,
comercializar produtos de forma
ecológica e sustentável e ainda valorizar e potencializar a cultura afro, por
meio das tranças africanas.
Este projeto é um
instrumento pedagógico que tem por objetivo
geral encaminhar o jovem para a profissionalização do trabalho rural, no sentido
de melhorar renda e a qualidade de vida da família, servir como facilitador
para o encaminhamento do jovem para o mundo do trabalho e como um elemento de
desenvolvimento econômico e social do meio rural.
Almeja
aprofundar mais e melhor, aprimorando seus conhecimentos e técnicas de trançado
africano. Segundo Maria Gabriela, há demanda desse trabalho, não apenas na sua
comunidade, mas em toda região do Vale do Jequitinhonha, principalmente por
haver o maior número de comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação
Palmares.
Revela
que a maioria de seus clientes solicitam as tranças Nagô. Quanto ao preço, diz
que varia muito do tamanho, tipo, material e do lugar,mas , que o preço mínimo
é de quinze reais em Virgem da Lapa.
Para
desempenhar seu trabalho, precisa de alguns produtos e acessórios como: Pomada
modeladora, creme de pentear, gel, elásticos de silicone, fios acetinados e
outros.
Ela ainda reitera que as tranças
antigamente era algo somente de pessoas
negras e por mulheres, mas isso mudou, o trançado africano expandiu para todo
mundo. O que antes expressava ser inferior, hoje é esteticamente bonito e
acessível. Trata-se de empoderamento por meio do trançado e não importa ser
homem ou mulher, importante é sentir-se bem e elegante. Além disso a pessoa
negra tem sua auto estima revigorada e valorizada, enquanto que a pessoa branca
se sente mais exuberante. Outro ponto importante é que muita gente está optando pela transição, quando
decidem parar de utilizar produtos químicos que
alisam os cabelos. E as tranças, elas fazem enquanto o cabelo cresce .
Jovens como Maria Gabriela, estão
buscando seus espaços e descobrindo nichos de mercado, que não haviam sido
notificados, mas aos poucos se ocupam e logo transformam sonhos em realidades
lucrativas, com consciência ambiental e valorização da arte e cultura
afro-brasileira.
Que bacana! Parabéns Maria Gabriela e Angela pelo texto. Viva nossas raízes!
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