Alguns autores relatam a existência de bonecas nas tribos
indígenas brasileiras, eram feitas de barro, madeira e pano. Elas representavam
divindades ou eram usadas como brinquedo para meninas, simulando atividades
cotidianas. Outros defendem que as bonecas foram trazidas para o Brasil pelos
europeus, como brinquedos de criança e como parte das prendas domésticas das
noivas. Há também os que afirmam que as bonecas de pano chegaram ao Brasil com
os escravos e aqui se transformaram em elemento lúdico das crianças
carentes.
Conhecí na Escola Família Agroecológica de Araçuaí, Amanda
Magalhães Pereira, dezessete anos. Mora com seus pais na Comunidade Olhos Dágua,
município de Coronel Murta-MG., ambos lavradores. Pais
amorosos, mas enfrentando dificuldades como tantos trabalhadores que lutam e
labutam no campo, deu-lhe uma boneca Barbie, aos cinco anos de idade. Ficou
muito feliz com seu único brinquedo comprado em algum estabelecimento comercial
da cidade.
Nunca souberam da verdadeira história desta famosa
Barbie, criada pela empresária americana Ruth Handler em 1959, plágio de uma
boneca alemã chamada Bild Lili, lançada em 1955, nem tão pouco que o nome
Barbie, estava associado a filha do casal americano chamada Bárbara e muito
menos ainda que, a empresa do casal americano havia comprado os direitos
autorais da boneca Lilli.
A boneca Barbie chegou ao Brasil através
da marca de brinquedos Estrela sob licença da Mattel (empresa do
casal Ruth e Eliot Handler, pais da menina Bárbara) em 1982.
Quando a menina Amanda ganhou sua boneca, iniciou logo a
sua criatividade em confeccionar roupas para seu brinquedo, vendo sua mãe
remendando as roupas da casa, sempre lhe dava algumas tirinhas de retalhos.
Espetando o dedo ali e aqui, mas com o olhar atento da genitora, não foi difícil
produzir os primeiros modelinhos para sua boneca.
Porém a Barbie perdeu seu encantamento nas mãos da menina
Amanda, quando viu sua colega com uma boneca de pano. Ficou fascinada! Lógico,
queria uma bonequinha de pano também.
Apesar de observar bastante a boneca de sua colega,
tentava criar, mas não conseguia. Até que assistindo televisão, viu num destes
programas de entretenimento um quadro ensinando a confeccionar bonecas de pano. Curiosa, rapidamente foi
tentar, não saiu com perfeição, mas para
quem sonhava em ter uma boneca de pano, aquilo era obra de arte! E, criou uma
boneca diferente daquilo que havia no mercado, tinha seus traços físicos:
morena, olhos pretos, cabelos cacheados e desta maneira fui produzindo outras,
em pouco tempo tinha muitas bonecas para brincar, se sentia muito feliz!
Depois de um tempo entre seus oito /nove anos, uma de
suas tias lhe pediu para fazer uma bonequinha porque havia achado de muito bom
gosto suas bonecas. A partir daí começou a produzir e vender no povoado e aos
arredores.
De repente, já recebia pedidos de encomendas,
percebeu assim uma forma prazerosa de ajudar sua família. Foi aprimorando, ao
invés de costurar na mão, passou a usar a costura na máquina para maior
resistência; realizou pesquisas quanto as características com estilos
diversificados; substituiu os retalhos de pano por tecidos novos.
Recorda que a primeira boneca que vendeu custou dez
reais, atualmente o valor mínimo é de cinquenta reais. Descobriu ainda neste
percurso, que juntando seu dinheirinho, conseguiria comprar sua própria máquina
de costura e com ajuda e apoio dos pais adquiriu sua primeira Singer Industrial.
Aumentando sua produção e criando inclusive novos modelos, como: boneca para
escorar portas, porta-chaveiro e outros conforme solicitações do freguês.
Esse movimento de jovens empreendendo é altamente
produtivo, primeiro porque tem considerado as tradições culturais,
fortalecimento de vínculos e convivência familiar e pôr fim a superação para as
dificuldades econômicas comuns, como é o caso desta jovem.
Empreender aqui, não é ficar rico, mas valorizar um
saber, recompensada por um valor justo de seu trabalho e dedicação,
dando-lhe satisfação, saúde mental e bem
estar por sua atividade e conhecimento.
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