segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

MEMÓRIA CULTURAL - A arte de fazer boneca de pano


 

 

Alguns autores relatam a existência de bonecas nas tribos indígenas brasileiras, eram feitas de barro, madeira e pano. Elas representavam divindades ou eram usadas como brinquedo para meninas, simulando atividades cotidianas. Outros defendem que as bonecas foram trazidas para o Brasil pelos europeus, como brinquedos de criança e como parte das prendas domésticas das noivas. Há também os que afirmam que as bonecas de pano chegaram ao Brasil com os escravos e aqui se transformaram em elemento lúdico das crianças carentes. 

Conhecí na Escola Família Agroecológica de Araçuaí, Amanda Magalhães Pereira, dezessete anos. Mora com seus pais na Comunidade Olhos Dágua, município   de Coronel Murta-MG., ambos lavradores. Pais amorosos, mas enfrentando dificuldades como tantos trabalhadores que lutam e labutam no campo, deu-lhe uma boneca Barbie, aos cinco anos de idade. Ficou muito feliz com seu único brinquedo comprado em algum estabelecimento comercial da cidade.

Nunca souberam da verdadeira história desta famosa Barbie, criada pela empresária americana Ruth Handler em 1959, plágio de uma boneca alemã chamada Bild Lili, lançada em 1955, nem tão pouco que o nome Barbie, estava associado a filha do casal americano chamada Bárbara e muito menos ainda que, a empresa do casal americano havia comprado os direitos autorais da boneca  Lilli.

A boneca Barbie chegou ao Brasil através da marca de brinquedos Estrela sob licença da Mattel (empresa do casal  Ruth e Eliot Handler, pais da menina Bárbara) em 1982.

Quando a menina Amanda ganhou sua boneca, iniciou logo a sua criatividade em confeccionar roupas para seu brinquedo, vendo sua mãe remendando as roupas da casa, sempre lhe dava algumas tirinhas de retalhos. Espetando o dedo ali e aqui, mas com o olhar atento da genitora, não foi difícil produzir os primeiros modelinhos para sua boneca.

Porém a Barbie perdeu seu encantamento nas mãos da menina Amanda, quando viu sua colega com uma boneca de pano. Ficou fascinada! Lógico, queria uma bonequinha de pano também.

Apesar de observar bastante a boneca de sua colega, tentava criar, mas não conseguia. Até que assistindo televisão, viu num destes programas de entretenimento um quadro ensinando a confeccionar bonecas de pano. Curiosa, rapidamente foi tentar, não saiu com  perfeição, mas para quem sonhava em ter uma boneca de pano, aquilo era obra de arte! E, criou uma boneca diferente daquilo que havia no mercado, tinha seus traços físicos: morena, olhos pretos, cabelos cacheados e desta maneira fui produzindo outras, em pouco tempo tinha muitas bonecas para brincar, se sentia muito feliz!

Depois de um tempo entre seus oito /nove anos, uma de suas tias lhe pediu para fazer uma bonequinha porque havia achado de muito bom gosto suas bonecas. A partir daí começou a produzir e vender no povoado e aos arredores.

De repente, já recebia pedidos de encomendas, percebeu assim uma forma prazerosa de ajudar sua família. Foi aprimorando, ao invés de costurar na mão, passou a usar a costura na máquina para maior resistência; realizou pesquisas quanto as características com estilos diversificados; substituiu os retalhos de pano por tecidos novos.

Recorda que a primeira boneca que vendeu custou dez reais, atualmente o valor mínimo é de cinquenta reais. Descobriu ainda neste percurso, que juntando seu dinheirinho, conseguiria comprar sua própria máquina de costura e com ajuda e apoio dos pais adquiriu sua primeira Singer Industrial. Aumentando sua produção e criando inclusive novos modelos, como: boneca para escorar portas, porta-chaveiro e outros conforme solicitações do freguês.

Esse movimento de jovens empreendendo é altamente produtivo, primeiro porque tem considerado as tradições culturais, fortalecimento de vínculos e convivência familiar e pôr fim a superação para as dificuldades econômicas comuns, como é o caso desta jovem.

Empreender  aqui, não é ficar rico, mas valorizar um saber, recompensada por um valor justo de seu trabalho e dedicação, dando-lhe  satisfação, saúde mental e bem estar por sua atividade e conhecimento.


Por




 

 

 

 

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