Imagem internet |
No domingo que passou, comemorou-se
o Dia dos Pais, data que nos convida a refletir sobre os significados e
questões relacionadas ao desempenho da missão de pai. Na sociedade brasileira,
historicamente, a maioria dos genitores não partilha da criação dos/as
filhos/as. Segundo dados recentes do IBGE, são onze milhões de mães solo no
país, ou seja, mães que criam os/as filhos/as sozinhas, sem falar nas que
estando juntas com o genitor são sobrecarregadas de trabalho doméstico,
cumprindo dupla jornada. Afinal, participar do processo de gerar uma nova vida
é mais fácil que criá-la, principalmente para o genitor, visto que, por não
precisar gestar e parir, fica mais fácil se desvencilhar da responsabilidade com
a cria. Se fazer pai e participar da criação e educação dos/as filhos/as acaba
sendo uma opção e não uma obrigação, como o é para as mulheres, que são
moralmente condenadas quando “abortam a missão de criar os/as filhos/as”. O
mesmo não ocorre com os pais ausentes, pelo contrário, é considerado natural
que os homens não compartilhem dos cuidados com os filhos, trocar fraldas,
alimentar durante as noites, dar banhos e participar do processo de educação da
criança. Até recentemente, antes dos testes de DNA e da investigação de
paternidade, era ainda mais fácil para os genitores se desvencilharem de
gravidezes indesejadas. As crianças ficavam sob a responsabilidade das genitoras,
que além de desprezadas socialmente por terem engravidado fora do casamento, era
mal vistas, culpabilizadas pela gestação e rejeitadas no mercado de trabalho,
resultando no aprofundamento das desigualdades de classe e gênero. Escrevi no
passado, mas muitos desses sofrimentos ainda acometem as mulheres que
engravidam de forma não planejada. Porém, acredito que mudanças estão
acontecendo na sociedade brasileira no que diz respeito à paternidade. Essas
mudanças se relacionam às transformações nos padrões de masculinidade. Cada vez
mais os homens vão questionando as construções tradicionais de gênero que os
afastavam da humanidade, como por exemplo a ideia falsa de que deveriam sempre
se mostrar fortes e violentos, não devendo se emocionar, chorar, participar dos
cuidados com a prole, demonstrar carinho e afeição. Apesar do número elevado de
genitores ausentes e dos que estando presente são violentos e abusivos,
acredito que gradualmente os homens vão se conscientizando da importância de se
responsabilizarem pelo controle da reprodução e por assumirem suas
responsabilidades quando participam do processo de originar uma nova vida. Os
que já participam da criação dos filhos gradualmente tomam consciência da
importância de um lar afetivo, com divisão das tarefas domésticas, sem
exploração do trabalho da mulher, sem violência e sem medo. Com essas
transformações, acredito que teremos uma sociedade menos violenta, com menos
crianças e jovens adoecidos pela depressão e ansiedade. Para finalizar,
parabenizo a todos os homens que, dentro de suas possibilidades, desempenham a
missão de forma amorosa, bem como a cada uma das onze milhões de
brasileiras que são mães solo.
Por
Lúcido e importante texto.
ResponderExcluirMuito bom o seu texto, cara Rosana. Sou pai de uma filha especial - nasceu com microcefalia. Ela já tem 23 anos e sei e sinto o que é participar, dos cuidados básicos, como dar banho, remédios, até a atenção carinhosa, paterna. Um abraço.
ResponderExcluirQue lindo relato. Importantíssimo cumprir a missão de pai verdadeiramente. Obrigada pelo retorno Josino. Abraço. Rosana
Excluir