Foto: Ricardo Azoury |
Um sol para cada um. O "valino, termo carinhoso dado
aos homens e mulheres que fazem sua história no Vale do Jequitinhonha, pelo
grande poeta Jota Neris, trazem na alma um desejo grande em escrever e deixar
sua história como legado de lutas e construções. A luta, nem é percebida como
algo alheio ao cotidiano dado. E assim o somos. O vale é o berço que gera todos
os dias filhos e filhas para manter viva a história desse sertanejo, deste
caboclo, desde ser de pelejas e certezas. Não existe uma reclamação estrutural
com o sol escaldante que nos ilumina 365 dias por ano. Tudo flui na normalidade
da vida. Oferece calor e aquece o coração daquele que espera confiante a chuva
cair. Ilumina aquele que a doença fez cair. Alimenta aquele que colheu e seca
no couro o feijão e o milho. É a luz que ilumina esse ser para produzir
culturas e saberes. Um terreno fértil que brota da argila, da fibra, da
palavra, da madeira e das belas pedras que o espaço oferece. Tudo que o torna
rico e imponente, único no mundo. A dinâmica da vida segue um fluxo de uma tranqüilidade
e uma simplicidade ímpar. Cada causo, cada conto é uma história de vida. No
vale se aprende na dificuldade em meio a seca a exaltar o cuidado e a
sustentabilidade. A água escassa é suprida pela solidariedade e partilha. Tem
sua história contada e cantada. De dona Maria a Sebastiana cada bom dia é
possibilidade de nova vida. Povo que se renova pela cultura e história. Com um
olhar de fé, transformam o impossível, como gigantes erguem projetos de vida e
de luz. Vale das riquezas, das lavadeiras, das benzedeiras e dos corais e
violeiros. Vivem na harmonia em conformidade com o sol de cada dia, se
encontram e se combinam em cada gesto de irmãos. O sol, este não se intimida e
nem se acovarda, de fato, para cada um.
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