Natural de Itaobim, Tadeu Martins é escritor, poeta popular, folclorista e contador de "causos". Desde pequeno o escritor e cantador de cordéis aprendeu a contar "causos" do Vale do Jequitinhonha. A maioria das suas histórias, como o mesmo garante, são verdadeiras.
Publicou 11 livros e participou de várias antologias e coletâneas de poesias do Vale e de
Minas Gerais e um CD de causos e cordéis. Professor de química, agente cultural, poeta e contador
de causos Tadeu foi um dos fundadores do jornal GERAES e criador do FESTIVALE.
FESTIVALE
Os Festivais de Música, nos moldes do Festivale, com concorrência entre músicas inscritas, começaram a acontecer no mundo no início da década de 50, se destacando o Festival de San Remo, na Itália, cuja primeira edição aconteceu em 1951 e serviu de modelo para os festivais brasileiros.
Segundo o jornalista Zuza Homem de Mello, em seu livro “A Era dos Festivais”, leitura obrigatória para todos que queiram conhecer a história da Música Popular Brasileira, os concursos musicais no Brasil começaram na década de 30, com os tradicionais concursos de músicas carnavalescas. O primeiro deles aconteceu em 18 de janeiro de 1930, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, cuja canção vencedora foi “Dá Nela”, de Ary Barroso, interpretada por Francisco Alves.
Em 1959 o radialista brasileiro Tito Fleury, que fora casado com a atriz Cacilda Becker, em uma viagem de férias, vai ao Festival de San Remo e volta encantado com o evento, criando em São Paulo, com apoio da Rádio Record e TV Record a “I Festa da Música Popular Brasileira”, que teve quatro eliminatórias, duas no Teatro Record e duas no Clubinho, o Clube dos Artistas e Amigos da Arte de São Paulo. A grande final do evento aconteceu no famoso balneário paulista Guarujá, no dia 03 de dezembro de 1960. A música vencedora foi “Canção do Pescador”, do pianista Newton Mendonça, interpretada por Roberto Amaral e gravada em 1961 por Marisa Gata Mansa. A partir dali, os festivais da Record ganharam projeção e contribuíram para o lançamento de grandes artistas no cenário da Música Popular Brasileira.
Nos anos 60 e 70, nomes como Milton Nascimento, Chico Buarque, Sérgio Ricardo, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e Edu Lobo, entre tantos outros, ganharam destaque nos famosos festivais brasileiros. O sucesso foi tanto, que festivais de música começaram a pipocar em todo o Brasil.
De 1970 a 1972 eu participei dos primeiros festivais da canção. O Festival de Teófilo Otoni, um excelente evento, que prometia muito, e que por falta de apoio, teve vida curta. Perto dali, na cidade de Itambacuri, um grupo chamado MOCUJOI – Movimento Cultural Jovem de Itambacuri – começou a promover na cidade um dos mais concorridos festivais de Minas Gerais, que existiu por muitos anos e foi um grande incentivo para jovens compositores dos Vales do Mucuri e Rio Doce e de outras regiões de Minas Gerais. Bain Guedes e Ari do HiFi eram dois batalhadores pelo sucesso do Festival de Itambacuri.
Dois amigos meus, Juremar Gazzinelli e José Carlos Colen, meus colegas do curso Científico, no Colégio São José, compuseram uma bonita canção que foi classificada em 2º lugar no Festival de Itambacuri em 1972. Aquele festival, muito bem organizado, ficou na minha lembrança e foi nele que me inspirei para idealizar um festival de música para o Vale do Jequitinhonha.
Em 03 de novembro de 1979, com apoio da Codevale e da Prefeitura Municipal de Itaobim, realizamos naquela cidade o “I Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha” ou simplesmente “Procurados”, conforme descrito no capítulo anterior. Eu apresentava o evento e, movido pela emoção e pela alegria e energia do público que superlotava o Mercado Municipal de Itaobim, e embalado pela lembrança dos festivais de Teófilo Otoni e Itambacuri, eu anunciei que em julho de 1980 estaríamos realizando, ali naquele Mercado, o I Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha, apesar de não ter discutido com os companheiros do Jornal Geraes, Mas eu sabia que não corria nenhum risco em anunciar a criação de um festival, pois tinha certeza que Aurélio, Carlos Castilim e George, bem como todos da nossa equipe estavam, tanto quanto eu e todo o público, querendo perpetuar aquele momento que vivíamos. Descobrimos ali que a música era um caminho a trilhar para ajudar na organização política do Vale do Jequitinhonha.
Os Festivais de Música, nos moldes do Festivale, com concorrência entre músicas inscritas, começaram a acontecer no mundo no início da década de 50, se destacando o Festival de San Remo, na Itália, cuja primeira edição aconteceu em 1951 e serviu de modelo para os festivais brasileiros.
Segundo o jornalista Zuza Homem de Mello, em seu livro “A Era dos Festivais”, leitura obrigatória para todos que queiram conhecer a história da Música Popular Brasileira, os concursos musicais no Brasil começaram na década de 30, com os tradicionais concursos de músicas carnavalescas. O primeiro deles aconteceu em 18 de janeiro de 1930, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, cuja canção vencedora foi “Dá Nela”, de Ary Barroso, interpretada por Francisco Alves.
Em 1959 o radialista brasileiro Tito Fleury, que fora casado com a atriz Cacilda Becker, em uma viagem de férias, vai ao Festival de San Remo e volta encantado com o evento, criando em São Paulo, com apoio da Rádio Record e TV Record a “I Festa da Música Popular Brasileira”, que teve quatro eliminatórias, duas no Teatro Record e duas no Clubinho, o Clube dos Artistas e Amigos da Arte de São Paulo. A grande final do evento aconteceu no famoso balneário paulista Guarujá, no dia 03 de dezembro de 1960. A música vencedora foi “Canção do Pescador”, do pianista Newton Mendonça, interpretada por Roberto Amaral e gravada em 1961 por Marisa Gata Mansa. A partir dali, os festivais da Record ganharam projeção e contribuíram para o lançamento de grandes artistas no cenário da Música Popular Brasileira.
Nos anos 60 e 70, nomes como Milton Nascimento, Chico Buarque, Sérgio Ricardo, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e Edu Lobo, entre tantos outros, ganharam destaque nos famosos festivais brasileiros. O sucesso foi tanto, que festivais de música começaram a pipocar em todo o Brasil.
De 1970 a 1972 eu participei dos primeiros festivais da canção. O Festival de Teófilo Otoni, um excelente evento, que prometia muito, e que por falta de apoio, teve vida curta. Perto dali, na cidade de Itambacuri, um grupo chamado MOCUJOI – Movimento Cultural Jovem de Itambacuri – começou a promover na cidade um dos mais concorridos festivais de Minas Gerais, que existiu por muitos anos e foi um grande incentivo para jovens compositores dos Vales do Mucuri e Rio Doce e de outras regiões de Minas Gerais. Bain Guedes e Ari do HiFi eram dois batalhadores pelo sucesso do Festival de Itambacuri.
Dois amigos meus, Juremar Gazzinelli e José Carlos Colen, meus colegas do curso Científico, no Colégio São José, compuseram uma bonita canção que foi classificada em 2º lugar no Festival de Itambacuri em 1972. Aquele festival, muito bem organizado, ficou na minha lembrança e foi nele que me inspirei para idealizar um festival de música para o Vale do Jequitinhonha.
Em 03 de novembro de 1979, com apoio da Codevale e da Prefeitura Municipal de Itaobim, realizamos naquela cidade o “I Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha” ou simplesmente “Procurados”, conforme descrito no capítulo anterior. Eu apresentava o evento e, movido pela emoção e pela alegria e energia do público que superlotava o Mercado Municipal de Itaobim, e embalado pela lembrança dos festivais de Teófilo Otoni e Itambacuri, eu anunciei que em julho de 1980 estaríamos realizando, ali naquele Mercado, o I Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha, apesar de não ter discutido com os companheiros do Jornal Geraes, Mas eu sabia que não corria nenhum risco em anunciar a criação de um festival, pois tinha certeza que Aurélio, Carlos Castilim e George, bem como todos da nossa equipe estavam, tanto quanto eu e todo o público, querendo perpetuar aquele momento que vivíamos. Descobrimos ali que a música era um caminho a trilhar para ajudar na organização política do Vale do Jequitinhonha.
Voltando a Belo Horizonte, escrevi o esboço do
projeto do Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha, que foi aprovado por
todos, como eu planejara: aconteceria todos os anos, no mês de julho, na cidade
de Itaobim, a minha terra natal. Seria um encontro da música, artesanato e
folclore, que eram os três ícones da nossa cultura.
Hoje o Festivale está consolidado e parece
óbvio, mas de onde veio mesmo o nome do evento?
No início do ano de 1980, estávamos reunidos na
minha residência, o apartamento 1309 do edifício Maleta, montando o cartaz do I
Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha. Eu, Aurélio, João Lefú, Rubinho do
Vale, Carlos Figueiredo e outros amigos distribuímos em uma folha de cartolina duas
fotos de personagens de grupos folclóricos do Vale, sob o título Festival
da Canção Popular do Vale do Jequitinhonha. Quando o
Charles, flautista do Grupo Terrasol, viu as fotos, sugeriu: “eu acho que vocês
deviam tirar Festival da Canção Popular do Vale do Jequitinhonha e colocar o
nome de FESTIVALE, fica mais bonito”. O nome sugerido pelo Charles foi aceito.
Com o nome Festivale eu acrescentei um slogan que definia o nosso objetivo: “FESTIVALE – A VIDA DO VALE EM VERSO E VIOLA”. Nascia ali o que viria a ser o maior evento de toda a história do Vale do Jequitinhonha.
Projetado para acontecer todos os anos em Itaobim, o Festivale passou a ser itinerante por sugestão do companheiro Aurélio Silby, que, depois do sucesso do primeiro Festivale, passou a defender que todas as cidades do Vale mereciam sediar aquele evento. Ainda bem que a proposta foi aprovada e o Festivale passou a percorrer a nossa região.
Com o nome Festivale eu acrescentei um slogan que definia o nosso objetivo: “FESTIVALE – A VIDA DO VALE EM VERSO E VIOLA”. Nascia ali o que viria a ser o maior evento de toda a história do Vale do Jequitinhonha.
Projetado para acontecer todos os anos em Itaobim, o Festivale passou a ser itinerante por sugestão do companheiro Aurélio Silby, que, depois do sucesso do primeiro Festivale, passou a defender que todas as cidades do Vale mereciam sediar aquele evento. Ainda bem que a proposta foi aprovada e o Festivale passou a percorrer a nossa região.
Texto de Tadeu Martins - extraído do livro "Jequitinhonha 42 anos de Travessia - De Vale da Miséria a Vale da Cultura", a ser lançado brevemente.
Parabéns Tadeu, é uma bela história a ser contada, e que bom que eu faço parte dela desde o início quando tudo era mais belo e puro.
ResponderExcluirMuito bacana Tadeu.
ResponderExcluirPublique o livro logo.
Um abraço.
Meu caro amigo e companheiro cultural, Eternos Parabéns pela sua bela iniciativa de dar VOZ a esse, que hoje se tornou uma das maiores representações da nossa cultura popular do Vale do Jequitinhonha: O FESTIVALE- Vale, Vida, Verde, Versos e Viola.
ResponderExcluirParabéns Jô pela memorização deste grande e fascinante evento cultural.
ResponderExcluirLer o primeiro capítulo do seu livro,nesta madrugada de isolamento social, é uma overdose de ânimo, esperança e Fé. Como a energia que você carrega nas coisas que conduz, esse livro resgata nossas utopias e abre outros espaços para a continuidade do trabalho e já se impõe como um valoroso instrumento da nossa história como ferramenta para novas gerações.(Bain)
ResponderExcluirTadeu, sem ter participado de um FESTIVALE, orgulho-me de fazer parte de sua história como fã e incentivadora. Sucesso, amigo. O livro? Claro que quero!
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