terça-feira, 29 de março de 2022

O ASSUNTO E´? - As veias abertas do Brasil

 

Imagem Internet


Desde que o ser humano descobriu que podia retirar minérios do solo e produzir objetos para uso cotidiano, a mineração se fez presente, assim como a metalurgia. Não é por acaso que, os Iorubás,  bem como os gregos antigos, tinham deuses responsáveis pela metalurgia, Ogum e  Hefestos. No entanto, a mineração e a metalurgia em sociedades passadas eram usadas para melhorar a vida humana,   já no capitalismo a exploração da terra é desmesurada, pois visa o lucro e a acumulação desmedidos. A mineração predatória está destruindo o Brasil, parece redundante dizer isso,    já que, desde o início da invasão destas terras pelos brancos europeus, a busca por metais preciosos foi um dos principais objetivos. Atualmente, não apenas os metais preciosos, mas outros minérios largamente utilizados na indústria, são buscados no subsolo do território brasileiro. A atividade é controlada por empresas privadas e é conduzida de forma extremamente nociva ao meio ambiente e às comunidades,  pois não conta com fiscalização e  e controle. Para acessar os minérios é necessário escavar a terra,  assim, a água é contaminada e as matas devastadas, logo, os arranjos produtivos das comunidades tradicionais é afetado. Eduardo Galeano no livro “As veias abertas da América” publicado na década de 1970 e proibido por várias ditaduras do Cone Sul, analisa a histórica espoliação que sofre a América de colonização latina ao longo dos séculos. Interliga passado e presente para abranger uma exploração que nunca se finda, além dos produtos da monocultura agroexportadora,  escoam das veias abertas,  o ouro, a prata e as pedras preciosas que alimentaram o capitalismo nascente, às custas do sangue dos/as africanos/as e dos/as indígenas explorados nas minas mortais, onde a expectativa de vida era curta e se morria de fome ou dos efeitos do mercúrio. Geralmente não se chegava aos 30 anos. Na contemporaneidade, com o desenvolvimento desenfreado deste monstro insaciável que é o capitalismo, mais e mais minérios são necessários para suprir as demandas criadas pelo sistema, que preconiza  o consumo ilimitado e a acumulação dos recursos por poucos. O resultado é o crescimento das áreas de mineração que destroem patrimônios ecológicos, ameaçam terras de comunidades tradicionais e alteram legislações ambientais. Recentemente, tivemos os desastres ligados à mineração com o rompimento de barragens de rejeitos da mineradora Vale   que contaminaram rios e levaram para debaixo da lama centenas de vidas, sonhos e memórias. Esses crimes ambientais seguem sem punição, as ações da empresa só aumentam. Agora, neste momento, uma mineradora vem se instalar aqui na região do Alto Rio Pardo. Anunciam grandes transformações, geração de empregos etc. O que não se evidencia para o povo é que milhares de litros d’água serão usados no processo da exploração e transporte dos minérios, sem falar na contaminação da água. As pessoas são facilmente convencidas por promessas alvissareiras. E assim, lá se vai nossa água, quiçá  nossas vidas, já que ninguém mata a sede com dinheiro.


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2 comentários:

  1. Ótimo análise desse processo que expande tanto a acumulação capitalista quanto a destruição de comunidades tradiconais, do meio ambiente e de vidas humanas.

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