sábado, 11 de setembro de 2021

EscreVIVENDO – Vamos conhecer Heroínas Negras Brasileiras?

 


“Nos registros brasileiros

A injustiça predomina

E o danado esquecimento

Na injustiça se culmina

Pois ainda não se acha

Tudo o que se examina

 

Esquecidas da História

As mulheres inda estão

Sendo negras, só piora

Esse quadro de exclusão

Sobre elas não se grava

Nem se faz menção”

(Jarid Arraes)

 

Você já ouviu falar de Aqualtune, Tia Ciata ou Mariana Crioula? Estas e outras mulheres negras incríveis são retratadas por Jarid Arraes no livro que ora resenho: “Heroínas Negras Brasileiras: em 15 cordéis”, o livro do mês do clube Leia Mulheres Araçuaí, do qual faço parte.

Desde quando iniciamos as atividades do Leia, em 2019, o nosso maior desejo e prazer foi conhecer e divulgar o máximo possível de escritoras, dos mais diversos gêneros literários e países. Já lemos livros de contos, de textos jornalísticos, de poemas, de história em quadrinhos e etc. Já tivemos acesso a obra de autora sueca, coreana, nigeriana, brasileira, estadunidense e por aí vai...

Quando nos deparamos com o cordel, o nosso coração se encantou. Este estilo arretado, gostoso, cativante, poético e de marca repentista popular nordestina, nos conecta bastante com a nossa região do Vale do Jequitinhonha. Seria nós, parte do nordeste brasileiro? Eu tendo a achar que sim, rs.

Nascida em Juazeiro do Norte, na região do cariri (CE), em 12 de fevereiro de 1991, Jarid Arraes é escritora, cordelista e poeta.  O pai e o avô são cordelistas. A autora afirma que o cordel a fez escritora, que a permitiu escrever outros gêneros. Seus cordéis envolvem temas de resistência, desde de temáticas feministas a lendas africanas.

O livro que comento aqui é fruto de uma pesquisa de Jarid sobre a história de grandes heroínas negras que marcaram o nosso país. Tratou-se de uma pesquisa, também, sobre a sua identidade, como mulher negra, que quis conhecer as suas raízes tão negadas no ensino das escolas, durante a sua infância.

Fico pensando o tanto de mulheres, assumindo o seu “black”, assim como hoje assumo, se reconhecendo e se autodeclarando como negras existiriam, caso pudéssemos ter acesso a história destas heroínas desde que nascemos. São elas: Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, Eva Maria de Bonsucesso, Laudelina de Campos Melo, Luísa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba.

Dentre elas, encontramos quem é quitandeira, deputada, escritora, quilombola, princesa africana, mãe de santo, pescadora e muito mais. Cada uma, com a sua história, contribuindo para a construção do nosso país por meio da resistência.

Jarid destaca a importância de estimular os/as seus leitores/as a fazerem cordel e, por isso, no fim deste seu livro, ela propõe que, quem a lê, escreva um também. Isto já fez surtir um lindo efeito no nosso clube Leia Mulheres Araçuaí, fruto que apresentarei no próximo sábado....até lá, viu. Te espero.

 

Referência para a resenha: https://www.youtube.com/watch?v=SAt8nVhd6pw (MESA DE DEBATE – “Cordel: Tradição e reinvenção na escrita e na leitura”, com a presença de Jarid Arraes).

Por



 


8 comentários:

  1. Thaisa, como sempre, incrível em suas análises!
    Conheçam o leia mulheres, ele é transformador!

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  2. Esse livro de Jarid é perfeito, muito sensível e gostoso de se ler, não poderia ser melhor aprender sobre as heroínas negras por meio de cordéis bem estruturados e cirúrgicos sobre cada história de vida. E também, sem sombra de dúvidas, não poderia ter tido resenhista melhor que Thaísa, parabéns pelo texto. O encontro do mês de setembro foi impactante e muito proveitoso! ❤️

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    1. Raquel, vc é um grande presente para o nosso clube. Muita gratidão por todas as trocas!

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  3. Que lindo conhecer sobre o cordel e sobre a cultura nordestina que nos remete tanto ao Vale do Jequitinhonha. Foi muito gostoso conhecer este gênero literário e as heroínas negras brasileiras, que muitas vezes são esquecidas e até desconhecidas por nós. Parabéns pela resenha, Thaísa!

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