quarta-feira, 29 de abril de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Por Romani Ferreira


Romani Ferreira é natural de Medina, no  Baixo Jequitinhonha. Arte Educador - Palhaço - Professor de Teatro e Ator
Exerceu a função de diretor financeiro e conselheiro deliberativo da FECAJE, instituição responsável por realizar o FESTIVALE. 
Ministrou diversas oficinas em edições do FESTIVALE.











MEMÓRIAS do FESTIVALE

Por: Romani Ferreira.

Minhas memórias do Festivale! Entre tantas, trago como uma grande recordação, a cidade de Itaobim e o jornal Geraes como ponto de partida, como organizadores, CCJ, CCVJ, CCAVJ, FECAJE, e os Encontros Culturais para prepararmos os festivales e depois para Avaliarmos os Festivales. Nos encontros para preparar, tínhamos um, dois ou três representantes de cada cidade que enviava seus agentes culturais. Entre eles vindos dos quatro cantos do Vale, o grande artesão Itamar(Itamar Ripie), Tika (in memoriam), Mestre Ulisses, Didi, Frajola, Zefa, Raimundo, Vilela, Cláudio Bento, Gonzaga Medeiros de, Rubinho, Pereira da Viola, Saulo Laranjeiras, Lira, Frei Chico, Andrette e Nina,Tadeu Martins de Itaobim, Marileide, Wiliam (in memorian), Paulo, Jaime, Tiburcinho, Cida, Neilton, Gil, Dorotéa, entre tantos outros. Juntava-se ao Vale os Agentes e articuladores culturais da Capital Mineira, Belo Horizonte tais como, Guilardo Veloso, Ivânia, Izinho, Carlinhos Ferreira, Cinthia Colares, e outros como: Rufo Herrera,João das Neves.
Eles (os encontros culturais), aconteciam normalmente em uma cidade do Vale, em um final de semana, e com alojamento em escolas ou instituições sindicais ou culturais e apesar de ter poucas pessoas ali presente, a programação acompanhava um estilo do Festival e com apresentações musicais, POESIAS, batucadas no alojamento e muita alegria. Parecia mini festivalzinhos. Era simplesmente maravilhoso. Durante os encontros, os debates eram acalourados, que pareciam um campo de guerra das ideias e das discordância de ideias. No entanto, não deixava nem marca, nem feridas abertas, é se isso acontecesse, elas eram curadas a noite durante a alegria das apresentações. Durante os encontros para programação e organização dos Festivales, muitas ideias surgiam em busca da perfeição, em busca da qualidade, em busca de uma verdadeira representação das artes populares do VALE. No entanto quando o projeto alcançava a bancada político governamental, que financiaria os custos do mesmo, aí acontecia o grande ato fenomenológico do não vai ter isso, não vai ter aquilo, essa oficina não pode, aquela também não. Depois durante a realização do evento Festivale, vinha Grande decepção e tristeza, para aquele participante dos encontros, que viu suas ideias aprovadas, escorrer-se pelos ralos do descaso e das injustiças para com a cultura do VALE.
No entanto, na contra mão do destino, quando chegava o momento para realização dos Festivales, as comissões de trabalho estavam ali de prontidão para fazer acontecer com muita alegria, o grandioso e majestoso FESTIVALE.
E por falar em realização do FESTIVALE, me recordo com saudade, da maneira como cada cidade enviava seus representantes e como eles chegavam na cidade do FESTIVALE. Uns chegavam em caminhões abertos, os chamados Pau de Arara, chegavam todos empoeirados, das nuvens de poeira que os seguiam nas estradas de terra. Mas quando deciam do caminhão era uma alegria só. Outros chegavam em ônibus que mais pareciam latas velhas para carregar ANIMAIS. Mas quando desembarcavam, também traziam uma energia contagiante. Outros chegavam em vans escolares, outras em caminhonetes abertas, outros tantos, chegavam de carona é cada um carregando nas costas, suas velhas e recheadas mochilas e quando chegavam os moradores da cidade, ao verem aquele povo doido (doido, porquê muitos traziam em suas aparências ou mochilas, a visibilidade de suas culturas) ficavam um pouco assustados, mas à medida que a cidade ia se enchendo de novos habitantes temporários, o povo iam se ajuntando e demonstrando suas solidariedades para quem chegava para a grande esta. Hoje o FESTIVALE continua sendo uma festa bonita, uma festa cultural (com seus artistas de rua, com seus grupos folclóricos, com seus oficineiros, com seus artesãos, com seus belos artesanatos, com seus novos integrantes, com seus atos de defesa do meio Ambiente, com seus atos de defesa da cultura, com seus músicos, seus poetas e agentes culturais) com seus festivais de música, com suas noites literárias, com suas mostras teatrais, com suas exposições fotográficas, com seus corais, com suas feiras de artesanatos, seus desfiles de grupos folclóricos, seus alojamentos improvisados e seus participantes cheios de energia. No entanto, nos muitos Festivales que vem sendo realizado, nós os veteranos Festivaleiros, ainda sentimos a saudade dos antigos Festivaleiros, que por suas razões e sentimentos, deixaram de estar presente, outros porquê, nos deixaram porquê passaram para outra dimensão. Os tempos mudaram, o mundo mudou, os novos tempos, trouxe um grande avanço tecnológico aonde a informação chega em qualquer canto do mundo em fração de segundos, o que trouxe para o mundo uma nova modalidade de vida. Porém no Brasil, em se tratando de cultura e cultura popular, o avanço não veio, é trouxe uma redução muito grande no tocante à Grande massa de participantes dos Festivales. E com um sentimento de dor muito maior, é o de que, diante de tantas inovações tecnológicas e a facilidade da comunicação, o projeto FESTIVALE ainda anda com suas pernas bambas, com suas guerrinhas politiqueiras, com seus déficits de sócios, com sua qualidade abalada pelas dificuldades na organização. Ainda consta da minha memória dos Festivales, os grupos Transarte, Icaros do Vale, Trovadores do Vale, Catopés, Cordões de Espadas, Folias e Foliões, etc. Porém de uma coisa podemos ter certeza!
O FESTIVALE nasceu sendo e continua sendo, uma das maiores realizações da cultura popular do Vale do Jequitinhonha e eu mesmo distante, faço parte dela. PEÇO desculpa, por não ter conseguido memorizar uma vastidão de agentes, artistas, grupos ou ações culturais.

Saudações Culturais

5 comentários:

  1. Meu muito obrigado Jô, pela oportunidade de poder falar desse grande evento, que representa o Vale do Jequitinhonha que é o FESTIVALE. Por favor, corrigir alguns certinhos meus de digitação. Parabéns pelo Espaço Livre.

    ResponderExcluir
  2. Que legal, cabra. Quanta história da nossa cultura contida nesse teu belo relato

    ResponderExcluir

MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS

  Imagem: Internet   Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...