Fotos: Lori Figueiró |
A história nos mostra que a educação em
nosso país, sempre foi elitista e preconceituosa, as minorias tiveram pouco ou
nenhum espaço dentro das instituições de ensino federais ou estaduais. Esse
reflexo se deve principalmente pela exclusão de negros e indígenas, que não
tiveram oportunidade no Brasil Imperial ou período Republicano, permanecendo séculos de
separação e com seu direito ao estudo, negado.
Precisamos de mecanismos
políticos para estar presentes nestas instituições, a política pública de
inclusão dessas minorias, no ensino
superior, não são boas ações de políticos,
mas, uma reparação histórica que o estado tem com esse povo.
Quando negros e indígenas
se adentram nestas instituições de ensino, se sentem peixes
fora da água, pois estas não foram feitas para receber este público, e, os
profissionais em sua maioria vem de uma
formação em que, a instituição pública é
um patrimônio da elite, o qual não torna favorável a esta minoria que consegue
alcançar o ensino superior, nem contribui para que estes se sintam no espaço, que é também seu, por direito.
A resistência e persistência
deste povo é bem maior, mesmo com todas as adversidades, cada vez mais estão ocupando
todos os espaços de ensino e transformando de tal forma, que já é possível
sonha-lo com a cara do povo brasileiro - “ Plural e Diverso ” tanto no corpo discente como no docente.
No Vale do Jequitinhonha,
as Instituições públicas federais que chegaram neste decênio, renovaram as
esperanças de poder ter um curso superior na região, sem precisar esta longe da família para ter um estudo de qualidade, porém, estas
instituições de ensino também vieram carregadas de seus preconceitos e, o povo
negro e indígena que conseguiram acessar tal direito, sentem na pele, a diferença de tratamento,
pois , sentem que estão em um espaço que
não foi feito para eles, mas mesmo assim ocupam, resistem e
mostram com a sua cor, crenças,
cultura e muita luta.
Neste decorrer de luta
incessante, conseguiu-se alguns fios de esperanças brotando, portas se abrindo
aos poucos, como os NEABIS- Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiros e
Indígenas. Especialmente o NEABI –
Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiros e Indígenas do campus do
IFNMG – Araçuaí, nascido da base com discussões e propostas coletivas de estudo
e formação.
Aconteceu nos dias 10,11 e
12 de agosto, com participação dos povos tradicionais indígenas, quilombolas e
outras pessoas envolvidas em movimentos culturais e sociais , estiveram
presentes no 1º Ciclo de Formação do nosso NEABI, na Aldeia Cinta Vermelha Jundiba, na cidade
de Araçuaí, MG, que proporcionou momento de encontro, troca de experiência,
formação e convivência.
Conscientes que há um árduo caminho a seguir, passos longos a
trilhar, mas, este primeiro encontro, foi capaz de revitalizar os pensamentos
de luta, por direitos e a defesa por educação pública, de qualidade e de
igualdade.
Trouxe ainda a todas as pessoas participantes
deste uma sensação de bem estar, por saber que é possível pensar num mundo, numa
sociedade e uma educação diferente, de igualdade e respeito as pessoas e a sua
cultura.
“Nenhum ser humano é uma ilha... por isso não perguntem por
quem os sinos dobram. Eles dobram por cada um, por cada uma, por toda a
humanidade. Se grandes são as trevas que se abatem sobre nossos espíritos,
maiores ainda são as nossas ânsias por luz. (...) As tragédias dão-nos a
dimensão da inumanidade de que somos capazes. Mas também deixam vir à tona o
verdadeiramente humano que habita em nós, para além das diferenças de raça, de
ideologia e de religião. E esse humano em nós faz com que juntos choremos,
juntos nos enxuguemos as lágrimas, juntos oremos, juntos busquemos a justiça,
juntos construamos a paz e juntos renunciemos à vingança.“
Leonardo Boff
Leonardo Boff
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