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Foto: Internet |
Às margens de uma estrada em Pedra Azul,
encontra-se uma singela capela, sempre iluminada por velas deixadas por fiéis.
Conhecida como Cova de São Sabino, ela está situada a 27 km da área urbana e é
símbolo de fé e devoção popular. Sua origem remonta a uma lenda marcada por
dor, injustiça e redenção.
Sabino era um vaqueiro humilde, natural de
Encruzilhada, na Bahia, que trabalhava nas redondezas de Pedra Azul. Segundo a
lenda, ele foi vítima de uma cruel injustiça. Uma jovem, hospedada na fazenda
onde Sabino trabalhava, engravidou de um dos filhos do fazendeiro. Pressionada
pelos costumes da época e pelo medo do julgamento social, ela acusou falsamente
Sabino de tê-la violentado.
O fazendeiro, para dar exemplo aos demais,
ordenou que seus jagunços o espancassem e esquartejassem. Sabino foi morto de
forma brutal e enterrado em uma cova rasa, em um local ermo e coberto pelo
mato.
No dia do parto, a jovem enfrentou sérias
complicações e temeu pela própria vida. Em desespero, dirigiu-se em oração ao
espírito de Sabino, pedindo perdão e suplicando por ajuda. Prometeu que, se
sobrevivesse junto com seu filho, construiria uma capela no local onde ele fora
enterrado.
Após o parto milagroso, ela cumpriu sua
promessa. Ao abrir a cova, todos se surpreenderam: o corpo de Sabino estava
intacto, como se nunca tivesse sido esquartejado. No local, brotavam flores e
jorrava sangue da terra. O povo passou a considerá-lo um santo, e assim nasceu
a devoção a São Sabino.
A capela construída tornou-se um ponto de
peregrinação. Durante o ano, inúmeros fiéis visitam o local, fazem promessas e
deixam pedidos anotados em pequenos cadernos que ficam junto à cova. É comum
encontrar objetos de fé, imagens de santos e diversas cruzes ao redor da
capela, colocadas por devotos em agradecimento às graças alcançadas.
Uma das figuras mais emblemáticas da devoção a
São Sabino é Alípia Teixeira, conhecida como Vó Lipinha, de 94 anos. Ela
participa todos os anos da romaria à Cova de São Sabino, levando pedidos e a
bandeira de São Sebastião. A peregrinação é marcada por alegria: os romeiros
chegam tocando gaitas e bumbos, rezam o terço e fazem seus agradecimentos.
Vó Lipinha é também, uma guardiã das tradições
culturais de Pedra Azul, mantendo vivas celebrações como a Folia de Reis, a
festa de São Sebastião e a devoção ao santo popular da região.
A visita à capela se encerra com os reiseiros
cantando o reisado em frente à pequena construção. Após saudarem São Sabino, os
romeiros se despedem, pedindo saúde e proteção para que possam retornar no
próximo ano.
Adaptado por Jô Pinto, com base no vídeo de @will Nascimento e texto do Portal Minas.
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