terça-feira, 2 de setembro de 2025

CONTOS E CRÔNICAS DO JEQUI - A Cova de São Sabino

Foto: Internet

 

Às margens de uma estrada em Pedra Azul, encontra-se uma singela capela, sempre iluminada por velas deixadas por fiéis. Conhecida como Cova de São Sabino, ela está situada a 27 km da área urbana e é símbolo de fé e devoção popular. Sua origem remonta a uma lenda marcada por dor, injustiça e redenção.

Sabino era um vaqueiro humilde, natural de Encruzilhada, na Bahia, que trabalhava nas redondezas de Pedra Azul. Segundo a lenda, ele foi vítima de uma cruel injustiça. Uma jovem, hospedada na fazenda onde Sabino trabalhava, engravidou de um dos filhos do fazendeiro. Pressionada pelos costumes da época e pelo medo do julgamento social, ela acusou falsamente Sabino de tê-la violentado.

O fazendeiro, para dar exemplo aos demais, ordenou que seus jagunços o espancassem e esquartejassem. Sabino foi morto de forma brutal e enterrado em uma cova rasa, em um local ermo e coberto pelo mato.

No dia do parto, a jovem enfrentou sérias complicações e temeu pela própria vida. Em desespero, dirigiu-se em oração ao espírito de Sabino, pedindo perdão e suplicando por ajuda. Prometeu que, se sobrevivesse junto com seu filho, construiria uma capela no local onde ele fora enterrado.

Após o parto milagroso, ela cumpriu sua promessa. Ao abrir a cova, todos se surpreenderam: o corpo de Sabino estava intacto, como se nunca tivesse sido esquartejado. No local, brotavam flores e jorrava sangue da terra. O povo passou a considerá-lo um santo, e assim nasceu a devoção a São Sabino.

A capela construída tornou-se um ponto de peregrinação. Durante o ano, inúmeros fiéis visitam o local, fazem promessas e deixam pedidos anotados em pequenos cadernos que ficam junto à cova. É comum encontrar objetos de fé, imagens de santos e diversas cruzes ao redor da capela, colocadas por devotos em agradecimento às graças alcançadas.

Uma das figuras mais emblemáticas da devoção a São Sabino é Alípia Teixeira, conhecida como Vó Lipinha, de 94 anos. Ela participa todos os anos da romaria à Cova de São Sabino, levando pedidos e a bandeira de São Sebastião. A peregrinação é marcada por alegria: os romeiros chegam tocando gaitas e bumbos, rezam o terço e fazem seus agradecimentos.

Vó Lipinha é também, uma guardiã das tradições culturais de Pedra Azul, mantendo vivas celebrações como a Folia de Reis, a festa de São Sebastião e a devoção ao santo popular da região.

A visita à capela se encerra com os reiseiros cantando o reisado em frente à pequena construção. Após saudarem São Sabino, os romeiros se despedem, pedindo saúde e proteção para que possam retornar no próximo ano.

Adaptado por Jô Pinto, com base no vídeo de @will Nascimento e texto do  Portal Minas.

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