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Fotos: Vilmar Oliveira |
Cordões de Caboclos em Salto da Divisa: Uma
Celebração da Herança Indígena Brasileira
Última cidade do Vale do Jequitinhonha, na
divisa com a Bahia, o município de Salto da Divisa, em Minas Gerais, preserva
uma das manifestações culturais mais singulares do Brasil: os desfiles dos
Cordões de Caboclos Tupinambás e Guaranis durante o Carnaval. Mais do que uma
festividade, essa tradição é uma homenagem viva às raízes indígenas do país,
marcada por rivalidade simbólica, cores vibrantes e profunda reverência à
ancestralidade.
Uma
Rivalidade que Celebra a Cultura, durante o Carnaval, os cordões Tupinambás e
Guaranis tomam as ruas em uma disputa cultural que transcende o espetáculo.
Embora os povos Tupinambá e Guarani sejam historicamente distintos, com
origens, línguas e práticas próprias, a celebração em Salto da Divisa une essas
referências em um gesto de reconhecimento e valorização da diversidade
indígena.
Essa rivalidade não é de confronto, mas de
exaltação, cada cordão busca representar com orgulho a força, a beleza e a
espiritualidade de seus respectivos povos, encantando moradores e visitantes
com danças, cantos e indumentárias que remetem às tradições ancestrais.
Os Tupinambás foram um dos primeiros povos
indígenas a entrar em contato com os colonizadores europeus nos séculos XVI e
XVII. Habitantes da costa brasileira, eram conhecidos por sua complexa
organização social e rituais guerreiros, incluindo práticas de antropofagia que
tinham significados espirituais e simbólicos.
Hoje, comunidades Tupinambás resistem no sul da
Bahia, lutando pela preservação de sua identidade e território. Um marco
recente dessa luta foi o retorno do Manto Tupinambá ao Brasil, uma peça
cerimonial que simboliza a reconexão com a ancestralidade e a reparação
histórica.
Guaranis, espalhados por Brasil, Paraguai,
Argentina e Bolívia, os Guaranis pertencem ao tronco linguístico Tupi-Guarani e
mantêm uma relação espiritual profunda com a natureza, vivem em comunidades
organizadas, onde o pajé exerce papel central como líder espiritual, curador e
conselheiro.
A cultura guarani valoriza a agricultura, a
caça e a pesca como formas de sustento e conexão com o meio ambiente, suas
práticas e crenças.
A
Linguagem Tupiguarani, é um elo entre povos, a língua Tupiguarani, que mistura
elementos do Tupi e do Guarani, foi amplamente utilizada por diversos povos
indígenas e representa um elo linguístico e cultural entre os Tupinambás e
Guaranis. Essa fusão linguística é também um símbolo da riqueza e complexidade
das culturas originárias do Brasil.
O
carnaval
como Resistência e Memória, mantém as tradição dos cordões de caboclos em Salto
da Divisa, tem raízes profundas na resistência das famílias de escravizados
que, ao longo das décadas, mantiveram viva a memória indígena por meio da
cultura popular. Os desfiles são mais do que uma atração carnavalesca, são um
ato de afirmação identitária, um espaço de celebração da diversidade e um
tributo à história silenciada de muitos povos.
Essa
manifestação é um Patrimônio Cultural do Jequitinhonha, é um dos
pilares da identidade regional do Vale do Jequitinhonha. Através dos cordões,
Salto da Divisa reafirma seu compromisso com a preservação da memória, da arte
e da espiritualidade dos povos originários, transformando o Carnaval em um
verdadeiro ritual de pertencimento e reverência.
Referências
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guarani
https://mundoeducacao.uol.com.br/
Pagina da Prefeitura de Salto da Divisa/facebook
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