Dona Generinda - Foto: Internet |
Na Comunidade “Campo”, cidade de
Araçuaí, havia um jovem casal, José “Zebu”(apelido que o patrão lhe dera )era
vaqueiro e Antônia, mulher prendada e
trabalhadora, se casaram e continuaram na
labuta da roça e em casa. As terras não
eram suas, mas o patrão deixava morar, plantar e colher para o sustento,
tiveram dois filhos: João e Generina. Ambos permaneceram na lida da roça e a
zelar pela família construída com tanto zelo e amor .
Quando Generinda nasceu em 1915, seus
pais sabiam que aquela menina, traria muitas bênçãos e seu jeito meigo de ser
contagiava a todos, sempre caridosa, gostava de ajudar as pessoas da vizinhança,
cresceu vendo sua mãe fazendo peças de barro, tecendo no tear, costurando, cozinhando,
bordando e naturalmente aprendeu os ofícios.
Generinda casou-se com o jovem
Leônidas, que residia na comunidade, tiveram onze filhos, de parto natural, com
ajuda de parteiras daquele lugar, porém, perdeu seu amado e teve de lutar para
educar e criar tantas bocas para se alimentar, mas com a ajuda dos pais, não
lhe deixava fraquejar. O golpe da morte do marido “passarim”(apelido por ter
nascido de sete meses) e a dureza do trabalho
lhe trouxe muitas dores, incômodos que abalaria a saúde, mas nunca
negava um pedido se alguém que lhe pedisse uma oração
Com o passar do tempo foi aconselhada
a mudar-se para a cidade, pois facilitaria a assistência médica e gentilmente
obedeceu aos conselhos. Com tantos filhos, teve de desenvolver suas habilidades
e se adequar como dava para criar seus filhos pequenos: Torrava café, fazia
doce, biscoito, geléia, sabão, lavava roupa, aderiu a associação dos artesãos
onde teceu alguns cobertores.
Nunca
frequentou escola, o que falava com certa tristeza, mas tinha sabedoria da
ciência divina, que lhe permitia cuidar, aconselhar e curar almas desoladas de
inveja, mau olhado e de quebranto. Enquanto seu corpo aguentou, esteve
perseverante a sua missão, recebia a todos(as) em sua humilde residência.
Após alguns meses do óbito de “Dona
Generina”, os herdeiros disponibilizaram alguns cobertores para venda, com
finalidade de reverter em recursos para organizar o processo de inventário.
Tocar em uma peça de sua autoria, é sentir
o som de suas doces palavras de acalanto e de ternura, soadas por cada toque da
linha para dar forma a um motivo multicolorido e com desejos de saúde, paz,
prosperidade, fé e esperança, que também nos remete ao som das cantigas de
rodas e dos batuques do Coral Trovadores do Vale, que gostava de ouvir:
(...)
“Margarida se eu bem soubesse
que ocê era tecedeira .
Eu mandava vim da Bahia
Pente fino e lançadeira (...)
REFERÊNCIAS:
https://gazetadearacuai.com.br/noticia/673/morre-em-aracuai-aos-109-anos-a-benzedeira-dona-generina
https://www.google.com/search?q=generina+de+araua%C3%AD&oq=generina+de+araua%C3%AD&aqs=chrome..69i57.10932j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8#fpstate=ive&vld=cid:ce9
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