domingo, 11 de agosto de 2024

MEMÓRIA CULTURAL - QUEM TRABALHA, DEUS AJUDA, PELO PÃO DE CADA DIA!

 

          

Dona Generinda - Foto: Internet

          Na Comunidade “Campo”, cidade de Araçuaí, havia um jovem casal, José “Zebu”(apelido que o patrão lhe dera )era vaqueiro  e Antônia, mulher prendada e trabalhadora,  se casaram e continuaram na labuta da roça e em casa.  As terras não eram suas, mas o patrão deixava morar, plantar e colher para o sustento, tiveram dois filhos: João e Generina. Ambos permaneceram na lida da roça e a zelar pela família construída com tanto zelo e amor .

          Quando Generinda nasceu em 1915, seus pais sabiam que aquela menina, traria muitas bênçãos e seu jeito meigo de ser contagiava a todos, sempre caridosa, gostava de ajudar as pessoas da vizinhança, cresceu vendo sua mãe fazendo peças de barro, tecendo no tear, costurando, cozinhando, bordando e naturalmente aprendeu os ofícios.

         Generinda casou-se com o jovem Leônidas, que residia na comunidade, tiveram onze filhos, de parto natural, com ajuda de parteiras daquele lugar, porém, perdeu seu amado e teve de lutar para educar e criar tantas bocas para se alimentar, mas com a ajuda dos pais, não lhe deixava fraquejar. O golpe da morte do marido “passarim”(apelido por ter nascido de sete meses) e a dureza do trabalho  lhe trouxe muitas dores, incômodos que abalaria a saúde, mas nunca negava um pedido se alguém que lhe pedisse uma oração

          Com o passar do tempo foi aconselhada a mudar-se para a cidade, pois facilitaria a assistência médica e gentilmente obedeceu aos conselhos. Com tantos filhos, teve de desenvolver suas habilidades e se adequar como dava para criar seus filhos pequenos: Torrava café, fazia doce, biscoito, geléia, sabão, lavava roupa, aderiu a associação dos artesãos onde teceu alguns cobertores.

Nunca frequentou escola, o que falava com certa tristeza, mas tinha sabedoria da ciência divina, que lhe permitia cuidar, aconselhar e curar almas desoladas de inveja, mau olhado e de quebranto. Enquanto seu corpo aguentou, esteve perseverante a sua missão, recebia a todos(as) em sua humilde residência.

          Após alguns meses do óbito de “Dona Generina”, os herdeiros disponibilizaram alguns cobertores para venda, com finalidade de reverter em recursos para organizar o processo de inventário.

          Tocar em uma peça de sua autoria, é sentir o som de suas doces palavras de acalanto e de ternura, soadas por cada toque da linha para dar forma a um motivo multicolorido e com desejos de saúde, paz, prosperidade, fé e esperança, que também nos remete ao som das cantigas de rodas e dos batuques do Coral Trovadores do Vale, que gostava de ouvir:

(...)

“Margarida se eu bem soubesse

que ocê era tecedeira .

Eu mandava vim da Bahia

Pente fino e lançadeira (...)

 

REFERÊNCIAS:

https://gazetadearacuai.com.br/noticia/673/morre-em-aracuai-aos-109-anos-a-benzedeira-dona-generina

https://www.google.com/search?q=generina+de+araua%C3%AD&oq=generina+de+araua%C3%AD&aqs=chrome..69i57.10932j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8#fpstate=ive&vld=cid:ce9

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