Sabiá laranjeira - imagem internet |
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O nome científico deste feijão é Cajanus cajan,
originária da Ásia, mas foi trazido
para o Brasil no cabelo dos escravos, dentro dos navios negreiros. O nome
‘Andu” é de origem africana, do dialeto falado no antigo Reino do Congo.
Atualmente
a Índia
é o maior produtor mundial de guandu, onde é usado para a produção de dhal,
preparação caudalosa e apimentada que também é feita com ervilhas ou grão de
bico.
No
Brasil adaptou-se bem ao clima tropical, rico em ferro e cálcio , não é feijão
de muito caldo por isso costuma ser comido como salada reforçada, com linguiça,
cebolas, pimenta e coentro, ou então como farofa ou até em omelete.
Na
região do Vale do Jequitinhonha , conhecemos o “Andú”, uma espécie de legumilosa
arbustiva que produz vagens com sementes arredondadas com cores variadas de verde-marrom ou púrpura. É um arbusto com
raiz finas e atingem aproximadamente 3 metros de profundidade. A semente ficam
nas vagens e podem ser encontradas de 2 a 9 grãos por vagens. É uma planta
rústica e tolerante a secas e solos inférteis, apresenta um grande potencial
para alimentação humana e animal.
O feijão guandu não é tão suscetível a doenças e pragas, como
outras espécies que encontramos na agricultura.O guandu perfura as camadas mais
compactadas do solo, permitindo que ele receba mais ar e água, e ainda cobre o
solo com as folhas que caem dele. Assim que dá flores, as abelhas as visitam,
colhendo o néctar para preparar o mel. As folhas verdes dá para fazer um chá que atua como depurativo do
sangue. As vagens, também verdes, podem ser colhidas para se comer os
grãozinhos como ervilhas brilhantes. E das vagens secas, separa-se os grãos e prepara-se deliciosas e nutritivas
paneladas de alimento. Os grão secos também podem ser torrados no forno. Quando
começam a liberar o cheirinho de grão torrado, podem moer bem fininhos, ou
pilados, e preparados no coador, como
uma bebida quente igual ao preparo do café, que não há um uso frequente em
Minas Gerais.
É fonte
de fibras, proteínas e vitaminas importantes, o andu é rico em diversos
sais minerais: cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro e zinco. Por conta
disso, ele é fundamental para a saúde dos ossos, músculos, do cérebro e ajuda a
manter o sistema circulatório em bom funcionamento.
Ótimo
para prevenir anemia e garantir um bom funcionamento das células -
levando em conta que o mineral é responsável pelo transporte de oxigênio na
corrente sanguínea. Grande aliado para a saúde da visão - ajuda a prevenir
degeneração macular e problemas na córnea, por exemplo. Além disso, essa
vitamina fortalece a imunidade, combate o envelhecimento precoce e faz bem para
os sistemas nervoso e cardiovascular.
Por
Foto: Omar Abrão |
Franciscus Henricus van der Poel l (Frei
Chico), nascido em Zoeterwoude na Holanda, no dia 03/08/1940. Membro da Ordem
dos Frades Menores desde 1960, Chega ao Brasil em 17/11/1967, Tornando-se (sacerdote católico) franciscano da Província
da Santa Cruz (PSC), com sede em Belo Horizonte MG..
Chega no Vale do Jequitinhonha em 1968
para a Diocese de Araçuaí. Em 1969, assume a Paróquia de Santo Antonio em
Itinga, substituindo o na época ainda padre Enzo, mesmo ficando em Araçuaí em
Itinga, foi responsável pela paróquia de Itinga até 1977. Assim escreveu Frei
Chico no livro de registro da paróquia Santo Antonio de Itinga em 1976.
“ Foi durante uma semana santa em
Itinga que cresceu meu amor pela religiosidade popular, cujo estudo hoje ocupa
mais da metade do meu tempo. Como é admirável
a fé de nosso povo rural e como é rica sua expressão . Aqui vemos como nosso
povo do Vale do Jequitinhonha se identifica com o Cristo que sofreu”
Pesquisador da cultura popular, durante os
10 anos que morou no Vale do Jequitinhonha, na diocese de Araçuaí MG., anotou parte da cultura popular em 15 mil folhas e
gravando 250 fitas K7. diz Frei
Chico -
“Nesta empreitada, fui ajudado pela artesã Maria Lira Marques.
Percebemos que da rica cultura dos pobres registramos apenas uma pequena parte.
Em 1970 fundei o coral Trovadores do Vale no qual pessoas pobres do Vale cantam
músicas da sua própria cultura. O repertório deste coral é um dos frutos da
pesquisa realizada”.
A partir de 1978, Frei Chico vai morar em Betim MG, e no qual foi liberado para a pesquisar a promoção da
cultura popular, como ele mesmo dizia: “Dediquei-me
especialmente às culturas religiosas existentes no Brasil. Tive correspondência
com Luís da Câmara Cascudo, com Mário de Souto Maior e alguns outros grandes
folcloristas. Os antropólogos Carlos Rodrigues Brandão, Lélia Coelho Frota
ajudaram-me a situar minhas pesquisas conjunto mais amplo da cultura nacional.
Frequentei terreiros, santuários de romaria. Participei de muitas festas,
entrevistei lideranças populares.
Durante 16 anos morei na Colônia de Santa Isabel (Betim), onde escrevi a
maior parte do Dicionário da Religiosidade Popular. Lá também era regente do
coral de hansenianos curados e outros em tratamento. Quem não convive com
pobres e marginalizados, não tem o direito de falar em nome deles. Nas
comunidades populares observa-se a não separação entre vida e religião. Fiz
conferências em muitas universidades, participei de congressos, acompanho
movimentos populares. Tenho muitos artigos publicados em revistas
especializadas. Possuo também um extenso currículo artístico musical, com
apresentações em praças e ruas, teatros, rádio e TV”.
Autor de diversos livros obre cultura e religiosidade popular, por
exemplo o mais recente, Dicionário da
Religiosidade Popular, 2013, 1150 p. Membro da Comissão Mineira de Folclore
(1981), do Instituto Histórico e Geográfico de MG (1990). Conselheiro do Centro
da Memória da Medicina da UFMG, docente no Instituto C. G. Jung de MG e
palestrante na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (BH). Músico da OMB,
palhaço do “Pano de Roda” (BH). Presença em movimentos populares (folias,
congados e terreiros afro-brasileiros), no meio artístico (música e teatro) e
na mídia. Conferências em muitas universidades e congressos. Frei Chico também
participou da edição do livro "Um olhar sobre o Congado das Minas Gerais,
de autoria da Professora da UEMG, Cris Nery, escrevendo o texto "Congado:
origens e identidade".
Hoje 14 de janeiro de 2023, Frei Chico
deixe esse plano terreno, para viver a plenitude da vida espiritual, religioso, pesquisador, defensor da cultura e religiosidade popular, de modo especial a do
Vale do Jequitinhonha.
Nos filhos do Jequitinhonha perdemos alguém
que apesar de ter nascido tão longe,
escolheu nosso pais e nosso Vale do
Jequitinhonha como seu lar. Seu corpo descansará no cemitério da Irmandade do Rosário
dos Homens Pretos de Araçuaí , seu espírito será guiado por Nossa Senhora do Rosário ao encontro do pai para sua morada eterna.
A nos fica o legado do amigo, do pesquisador e do Frei Franciscano que dedicou sua vida em registrar , respeitar e divulgar para todo a nossa religiosidade e cultura popular .
A família e amigos pedimos ao pai o conforto necessário....
Vai na luz Frei Chico e muito obrigado
por tudo.
Jô Pinto,
Iitnga/MG, em um dia triste de Janeiro
de 2023.
www.religiosidadepopular.uaivip.com.br
PINTO. José Claudionor dos Santos. Memórias de Itinga, Centro Cultural Escrava Feliciana. 2009
currículo: http: lattes.cnpq.br/8705942860002739.
Imagem: Internet Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...