O contato com a natureza nos é benéfico, pois somos parte
dela. Ter plantas no quintal e/ou dentro de casa é uma forma de estreitar os
vínculos com a flora. Tal hábito vai é volta de acordo com as mudanças nos
costumes. Considero interessante observar como a decoração das casas se altera
de um período a outro, assim como todos os hábitos/atitudes humanas sofrem
variações ao longo do tempo: formas de sociabilidade, vestimentas, relação com
o corpo, vocabulário etc. Algo que agora é considerado bonito e elegante, em
pouco tempo passa a ser visto como démodé.
Até a palavra démodé já é considerada démodé, por ser é uma expressão muito usada nos anos de 1980/1990. Aqui no Brasil, nas décadas de
1970 até a década de 1990, era comum o hábito de cultivar samambaias, avencas,
jiboias e outras plantas dentro de casa. As donas de casa ostentavam vaidosas
suas varandas e interiores ornamentados com imensas samambaias choronas, bem
como com as jiboias que rodeavam a sala entrelaçadas aos quadros nas paredes. Zigônios
(Syngonium angustatum) também eram apreciados, cultivados
na terra ou na água. Havia também a brilhantina (Pilea microphylla), uma plantinha muito verde de folhas repicadas.
Lá em casa, minha mãe plantava suas
brilhantinas em latas de conservas grandes que revestia com papel ou plástico vistosos para enfeitar a
sala. A jiboia lá de casa era imensa e
conduzida por pregos na parede que também seguravam quadros de retratos.
Lembro-me que corria uma lenda de que,
se as duas extremidades da planta se encontrassem alguém da casa morreria.
Desde a minha adolescência, gosto de cultivar plantas ornamentais e outras.
Naquela época, meu irmão e eu plantamos um canteiro de lambaris roxos (Tradescantia zebrina), com zigônios e no
centro uma roseira que produzia rosas matizadas, eram lindas. Aproveitei também
para plantar uma muda de barriguda (Ceiba speciosa) que encontrei numa
enxurrada. Quando a árvore começou a crescer e encorpar, minha mãe cortou,
disse que o quintal era pequeno para uma árvore de tais dimensões. Realmente,
nosso lote era diminuto para uma árvore que, em fase adulta, atinge uma ampla
circunferência. O contato com as mulheres idosas foi muito importante para me
incentivar a cultivar plantas. Em todas as casas de senhoras idosas que eu ia, era orientada sobre cada planta,
como fazer mudas e sempre ganhava muitas mudas. Com esse incentivo fui
desenvolvendo o gosto pelas plantas. Hoje considero como terapêutico, sinto-me
bem ao lidar com a terra e com as plantas, aprendo a ter mais paciência com as
pessoas, pois assim como estas, as plantas necessitam de atenção, cuidado e
paciência. Quem não pode esperar, não consegue cultivar. Tenho notado que o
hábito de cultivar plantas dentro de casa tem se disseminado novamente. As
plantas voltaram para o interior das casas, atualmente não podem faltar nos
projetos de decoração de interiores. As famosas espadas de Ogum, lança de Ogum,
espada de Iansã e todas as demais parentes das africanas Sansevierias além de belas e elegantes são tradicionalmente
consideradas como plantas místicas, protetoras contra energias negativas,
talvez pelo fato de que são plantas que
purificam o ar, retirando substâncias químicas e partículas diversas que
circulam no ambiente, portanto, são ideais para cultivo interno. Quem gosta de
pássaros e tem algum espaço no quintal, pode cultivar árvore frutífera de
pequeno porte e/ou flores que atraem beija-flores. Pesquisas desenvolvidas por
universidades do mundo todo tem demonstrado a importância do contato com as
plantas e com a natureza de forma geral
para a manutenção da saúde, especialmente da saúde mental. E você, tem o
hábito de cultivar? Como se sente no contato com as plantas?
Por
Adorei o texto. Muito importante este assunto. Somos parte da natureza e a natureza está em nós.
ResponderExcluirObrigada Thaisa! Os comentários animam a gente pra continuar escrevendo.bjo
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