Ainda nos primeiros minutos de encontro um pequeno beija-flor atravessou o salão e proferiu sua opinião: pairou exatamente diante do púlpito, diante de nossos olhos e diante de nossas esperas. Sua presença foi uma palestra. Iluminou.
O VIII Encontro de Poetas e Escritores do Vale foi uma teimosia. Mas não teve estranhamento. A teima já é uma natureza de quem escolhe acreditar no humano. E é essa a única maneira de saber viver de quem se embrenha pelos caminhos da cultura.
A tristeza das consequências das fortes chuvas, o receio do possível cancelamento e a preocupação com quem enfrentava a estrava foram angústias de nós todos. Presentes ou não. Mas o momento pedia o encontro. Estivemos juntos em nome de quem não pôde, de quem se arriscou e de quem ainda nem foi descoberto. O movimento mantém sua proposta de representar uma literatura irrepresentável. E a poesia só fez o comum, de cumprir sua sina de reflexão e resistência.
A musicalidade, o movimento, o corpo, a poética, a mística, o encontro entre o reconhecido e o chegado, entre a história impregnada e a nascente, entre o abraço e a espera.
O movimento deu mais um passo. Um novo, que traz outras veredas de ajuntamento. A criação da associação é uma demanda organizacional. Mas o compromisso principal assumido em público foi exatamente o de não nos encerrarmos nas sistematizações.
Jequitinhonha bem nos acolheu, nas palavras, nas presenças, na hospitalidade, na estrutura, na organização, na beleza da cidade. Estivemos com a FECAJE, em construções que despertam para o ir além da instituição. A discussão da literatura de autoria feminina representa o compromisso social de um movimento essencialmente de cultura, e a presença da representatividade de gêneros tantos a necessidade de que as discussões permaneçam. Mais uma conquista de entrelinhas: a da autoafirmação.
Um salve aos poetas do Vale. Construímos em presença e energia, mais um belo momento de literatura Valina. De cada um que me lembro, vejo representação neste singelo relato. Apenas uma saudação, em nome de cada pessoa que fez parte de mais um pedacinho dessa história.
Obrigada, beija-flor!
Herena Barcelos
16 de dezembro de 2021
Fotos Alessandro Xavier - Jornal Informativo
O encontro foi lindo e potente! Belo relato e reflexão, Herena 💚
ResponderExcluirObrigada, companheira de luta!
ExcluirQue delícia te ler, Herena. Traduziu tudo o que foi o encontro, ficou com gosto dd quero mais! ❤
ResponderExcluirVamos fazer mais!!! Obrigada pela leitura
ExcluirA arte é sempre um exercício da resistência e teimosia, antes de tudo, de pura esperança. Certamente o encontro foi muito proveitoso e recheado de prazeres. Ao ler esse caprichoso texto da Herena me vi presente de alguma forma. Que venha o IX encontro e que tenhamos a alegria do reencontro
ResponderExcluirE que seja breve! Coração não aguenta mais!
ResponderExcluir"A teima já é uma natureza de quem escolhe acreditar no humano".
ResponderExcluirVocê sintetizou tudo.