segunda-feira, 15 de junho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE - Feira de artesanato por Ângela Freire

7º FESTIVALE - Serro - Foto: Paulo Mattos Filho
A FEIRA DE ARTESANATO
Por Ângela Freire

O  FESTIVALE, nasceu de um dos compromissos dos idealizadores do Jornal GERAES em  promover e divulgar a cultura do Vale do Jequitinhonha. Apesar de nascer como Festival da Canção Popular do Vale do Jequitinhonha, inseriram também a feira de artesanato e o cortejo de Boi de Janeiro.
Entre 1980 até 2019, ocorreram  37 edições , e, a feira de artesanato se fez presente em todos os momentos deste festival.
No início a feira se resumia em um local de praça, plano, delimitava-se  o espaço para servir de feira de artesanato. Baseava-se no esforço do artesão  em chegar até a cidade da realização do evento. Chegando na cidade sede, ele recorria a secretaria do Festivale, realizava seu cadastro para ter acesso a alimentação e hospedagem , em sistema coletivo, sempre utilizando escolas , que  além da carga que carregava, tinham de levar seu colchão e pertences para passar uma semana.
Na feira, quem chegasse, forrava um pano, uma lona ou esteira e dispunha ali suas obras, como bem quisesse.
No decorrer dos Festivales, a forma de organização foi sendo aprimorada, e a feira de artesanato também acompanhou. O artesão  passou a se organizar por associação e reivindicar melhores condições de alojamento e do espaço  da feira. Assim a feira de artesanato ganhou cobertura, decoração, e assistência  no atendimento  como segurança do local a noite e outras regalias.
Na edição dos 25 anos, em Joaíma, a feira de artesanato  foi planejada na praça principal, junto ao palco, cenário de muita visibilidade, acolhimento impar, todas as  escolhas foram abertas, alimentação servida em prato de vidro, pela primeira vez. Só um detalhe não deu certo, as bancas para os artesãos não  foi possível a locação. O único jeito  era manter o improviso. A solução encontrada foi pegar as carteiras de uma escola próxima.
Para montagem, todos os artesãos se prontificaram em buscar suas mesinhas de madeira, ficando cada  estande, melhor que outra.
O problema  que a feira  terminou  numa  sábado. Felizes por que fizeram boas vendas,  muitos artesãos foram embora naquela mesma noite, aproveitando os carros das prefeituras que apareceram   após o show de encerramento.
Os organizadores  tinham o compromisso de entregar as escolas em ordem, para o início do semestre na segunda feira, porém grande parte da diretoria, também foi embora, porque tinham de trabalhar no dia seguinte. O pessoal da limpeza, eram poucos, haja vista que  havia muitas escolas para limparem, resultando nas carteiras na praça, para devolver  em suas devidas salas.
Havia um silêncio mortal naquele domingo. Restava apenas   três almas vivas naquele largo, cuja solução encontrada  foi olhar um para outro e começar a subir e descer o morro carregando uma a uma, totalizando  240 carteiras e 120 mesas, todas de madeira maciça.
 No final do dia, não havia força  para nada, mas ainda reuniram com o prefeito e a Secretaria de Educação para entregar as chaves e pertences utilizados.
Depois disso,  nunca mais  essa diretoria quis saber de usar carteira de escola, passou a contratar serviço de  locação de  estrutura, para organização completa da feira de artesanato.
E VIVA O FESTIVALE!
           

Nenhum comentário:

Postar um comentário

MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS

  Imagem: Internet   Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...