Foto: Ângela Freire |
Neste mês de Junho, visitando uma comunidade rural, em Diamantina,
num roteiro que abrangeu o alto, médio e baixo , Vale do Jequitinhonha . Conheci
a comunidade Macacos fica no distrito de São João da Chapada. Um percurso de aproximadamente
entre Diamantina e o distrito cerca de 56 km e depois mais 23 km até a
comunidade de Macacos, um longo trajeto de estrada de terra com estrada estreita
e em regular estado de conservação, porém com uma vista panorâmica da Serra do Espinhaço é exuberante.
Segundo as mulheres da
Associação comunitária desta comunidade, relatam que o povo dali descendem de
índios, pois é comum alguém contar história de índio pego no laço. Mas também
contam sobre a descendência portuguesa e de negros, assim possuem relações de
parentesco, amizade e compadrio entre si. O fato que a formação sociohistórica
da Comunidade está atrelada ao desenvolvimento da atividade de extração mineral
que estruturou econômica e socialmente o distrito diamantino a partir dos
séculos XVII/XVIII, como parte do colonialismo europeu nas Américas. Contaram
ainda que, o nome Macacos, vêm do nome da fazenda pertencente ao português José Manoel Joaquim
de Vilas-Boas e a Ana Rosa.
Atualmente residem poucas famílias no lugar, mas em ocasião de festas religiosas
tradicionais, se encontram para festejar. Além do trabalho
na lavoura o que é destaque nesta
comunidade é o Sistema Agrícola tradicional dos Apanhadores e apanhadoras de
flores Sempre-vivas( SAT Sempre vivas) , reconhecido pelo IEPHA –MG desde 2018.
Seus habitantes detem prática e profundo conhecimento quando a colheita das
flores, uma ação realizada coletivamente em algumas épocas do ano, marcada pelo
deslocamento de suas residências para subir a serra e alojarem-se em “locas” de pedras com seus familiares com
a finalidade de colher as flores de sempre vivas. Deste modo não apenas são
responsáveis pela atividade da colheita, mas o movimento das descidas da serra, a forma como apanham
as flores, viram verdadeiros guardiões e guardiãs deste movimento secular que
desencadeia numa espécie de semeadores de flores, pois a partir deste fluxo é
que se garante as futuras colheitas.
Embora sofram com os
conflitos quanto as questões da
regularização fundiária, sofrem com as ações arbitrárias quanto ao manejo do ecossistema por órgãos do
governo , seus habitantes lutam e resistem
aos descompassos e a presença
humana que destrói e desconhece as sabedorias
e práticas seculares. Os moradores seguem sua luta, com o encorajamento de suas matriarcas em defesa de suas flores e sobrevivência
humana.
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