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Desde que o ser humano descobriu
que podia retirar minérios do solo e produzir objetos para uso cotidiano, a
mineração se fez presente, assim como a metalurgia. Não é por acaso que, os
Iorubás, bem como os gregos antigos,
tinham deuses responsáveis pela metalurgia, Ogum e Hefestos. No entanto, a mineração e a
metalurgia em sociedades passadas eram usadas para melhorar a vida humana, já no
capitalismo a exploração da terra é desmesurada, pois visa o lucro e a
acumulação desmedidos. A mineração predatória está destruindo o Brasil, parece
redundante dizer isso, já que,
desde o início da invasão destas terras pelos brancos europeus, a busca por metais
preciosos foi um dos principais objetivos. Atualmente, não apenas os metais
preciosos, mas outros minérios largamente utilizados na indústria, são buscados
no subsolo do território brasileiro. A atividade é controlada por empresas
privadas e é conduzida de forma extremamente nociva ao meio ambiente e às
comunidades, pois não conta com
fiscalização e e controle. Para acessar
os minérios é necessário escavar a terra,
assim, a água é contaminada e as matas devastadas, logo, os arranjos
produtivos das comunidades tradicionais é afetado. Eduardo Galeano no livro “As
veias abertas da América” publicado na década de 1970 e proibido por várias
ditaduras do Cone Sul, analisa a histórica espoliação que sofre a América de
colonização latina ao longo dos séculos. Interliga passado e presente para
abranger uma exploração que nunca se finda, além dos produtos da monocultura
agroexportadora, escoam das veias
abertas, o ouro, a prata e as pedras
preciosas que alimentaram o capitalismo nascente, às custas do sangue dos/as
africanos/as e dos/as indígenas explorados nas minas mortais, onde a
expectativa de vida era curta e se morria de fome ou dos efeitos do mercúrio. Geralmente
não se chegava aos 30 anos. Na contemporaneidade, com o desenvolvimento
desenfreado deste monstro insaciável que é o capitalismo, mais e mais minérios
são necessários para suprir as demandas criadas pelo sistema, que preconiza o consumo ilimitado e a acumulação dos
recursos por poucos. O resultado é o crescimento das áreas de mineração que
destroem patrimônios ecológicos, ameaçam terras de comunidades tradicionais e
alteram legislações ambientais. Recentemente, tivemos os desastres ligados à
mineração com o rompimento de barragens de rejeitos da mineradora Vale que contaminaram rios e levaram para debaixo
da lama centenas de vidas, sonhos e memórias. Esses crimes ambientais seguem
sem punição, as ações da empresa só aumentam. Agora, neste momento, uma
mineradora vem se instalar aqui na região do Alto Rio Pardo. Anunciam grandes
transformações, geração de empregos etc. O que não se evidencia para o povo é
que milhares de litros d’água serão usados no processo da exploração e
transporte dos minérios, sem falar na contaminação da água. As pessoas são
facilmente convencidas por promessas alvissareiras. E assim, lá se vai nossa
água, quiçá nossas vidas, já que ninguém
mata a sede com dinheiro.
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