Caio Duarte nasceu na cidade de Almenara e logo em seguida, com seus pais, foi residir na cidade de Jequitinhonha. Aos 14 anos começou a participar de batucadas que ocorriam na cidade de Jequitinhonha, como “tocador” de surdo, tamborim, caixa, triângulo, etc. Influência esta advinda dos tambores das festas populares como santos reis e boi de janeiro. Com 15 anos foi baterista da banda de baile “Brasil”, no ano de 1977. Aos 17 anos começou a dedilhar o violão e compôs a sua primeira canção, a partir do poema “cadeia velha” do poeta conterrâneo Cláudio Bento.
Já na cidade de Joaíma, em 1980, compõe novas canções ao lado do compositor e poeta Rubens Espíndola, de quem torna-se amigo e frequenta as noitadas do primeiro e segundo Festivale (Julho/(1980/1981), em Itaobim e Pedra Azul, respectivamente, e passa a ser influenciado pelos compositores do Vale do Jequitinhonha como Paulinho Pedra Azul e Rubinho do Vale.Poeta, compositor, instrumentista, autor de vários livros e belas canções, sendo algumas delas premiadas em Festivais da canção em Minas e outras partes do país.É membro do Coletivo dos Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha.
Em 1979, vivia eu na cidade de Jequitinhonha desde
quando desembarquei neste mundo de meu deus, quando de repente caiu nas
minhas mãos o famoso cartaz “os procurados “.
Nele havia fotos
de Rubinho do Vale, Batuta, ambos artistas da música da cidade de Rubim, entre
outras personalidades ligadas à cultura e a outros assuntos naquela ocasião.
O cartaz “os
procurados” causou um enorme frisson na minha cabeça juvenil,
acostumado a conviver com os foliões de santos reis, bois de janeiro e
cantadores da cidade de Jequitinhonha (Vide Luiz Preto e Marobá). E a nega de
Heraldo.
Constatei que dali daquele cartaz algo de novo
surgia no horizonte agrário e conservador
de nossa região.
No início do
ano de 1980 fui assumir meu cargo de
mensageiro na agência da Minascaixa, da cidade de Joaíma.
Assim que
cheguei lá alguém me apresentou a Rubens
Espíndola, que também era bancário, tocava violão e pertencia a um grupo de
teatro local.
Corria o primeiro
semestre de 1980, quando tomamos conhecimento de um evento cultural que veio a ocorrer no mês de
julho daquele ano, na cidade de Itaobim. Era a semente dourada do Festivale
explodindo no seio da terra.
Rubens
Espíndola inscreveu-se no festival da canção,
e ficou entre as canções
classificadas.
De carona
embarcamos para Itaobim. Chegando lá não conseguimos vaga nos hotéis e pensões da cidade, nem tínhamos levado
barraca para acamparmos na margem de cá do Rio Jequitinhonha.
Durante o dia
com os olhos vidrados assistimos a apresentações de grupos folclóricos e de
cantadores, a força da cultura popular do Vale estava ali, com toda a sua magia
longeva.
Durante a
noite rolava o festival de música.
Jovens de ambos os sexos desfilavam pela cidade, com suas sandálias de couro,
vestidos coloridos e batas indianas, a cidade estava linda e o ar que se
respirava era bom, saudável, com cheiro e promessa de vida nova no ar.
Numa ocasião
daquele final de semana no qual o Festivale nasceu, conheci Chico Rei, compositor
e artesão. Na mão dele comprei uma bolsa equivalente a meia tiracolo, de lona
com detalhes em couro, na qual eu guardava caneta, cigarros, isqueiro e uma
caderneta de anotar sementes de meus primeiros poemas.
Paulinho Pedra
Azul foi o ganhador desse primeiro festival da canção, com a música “Ave Cantadeira”.
Eu e Rubens
bebemos pela primeira vez daquela
cachaça boa que é o Festivale e voltamos
para casa embevecidos e convictos de que aquele movimento seria para sempre. E
é!
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