quinta-feira, 23 de julho de 2020

NARRATIVAS DO FESTIVALE -Por Aender Reis


Músico percussionista, compositor, arte educador, pesquisador cultural autodidata. O interesse pelos sons, mais especificamente, por percussão, começou aos seis anos de idade, quando na sua terra natal, São Pedro dos Ferros, zona da mata mineira, assistindo às apresentações da banda de música Lyra Carlos Gomes, repetia os sons dos taróis, bumbos em vários objetos, brinquedos, etc. Hoje, com mais de vinte anos de profissão, muitos palcos e bares da vida, Aender Reis tem seu nome lembrado e reconhecido por vários artistas, e tem parcerias com compositores, em algumas canções. Leciona percussão e com uma versatilidade rítmica, passeia por diversos gêneros musicais, além de desenvolver trabalhos como regente/mestre de bateria em vários blocos de carnaval de Belo Horizonte.

EU E O FESTIVALE - Uma história de amor e de amor!

Por Aender Reis


O ano de dois mil e seis transcorria normalmente. Faculdade, trabalho, casa, ensaios, casa. Até a coisa apertar financeiramente, e eu ter que procurar alguma bolsa na faculdade pra aliviar o peso (e bota peso nisso) da mensalidade. Vejo no mural, um anúncio de admissão em um grupo de Dança Afro. Fui, me inscrevi e comecei na dança, pensando apenas na bolsa que aliviaria bastante a mensalidade. Um dia, alguém que tocava na percussão (eram vários, todos alunos da faculdade) não foi, e eu, na cara dura, pedi o Professor, professor não, Mestre, meu ídolo, amigo, irmão, paizão de tambor, Marcinho Martins para tocar, e ele autorizou. A partir daquele dia, passei para a percussão e não parei mais. Foram várias apresentações, até que no fim de junho, o hoje meu amigo/irmão Evandro Passos me convida para em julho daquele ano,2006, ir para Milho Verde, tocar numa oficina de Dança Afro. Aceitei, juntei as roupas e fui... Foi uma semana mágica, de muito aprendizado, muita troca, uma energia única. Quando estava chegando em Belo Horizonte, recebo um telefonema do Evandro dizendo que o ônibus para o Festivale estava quase de saída, e que ele tinha colocado meu nome para tocar na oficina dele lá também. Liguei pra minha mãe do telefone público, avisei que tava indo para uma tal de Araçuaí, para um tal de Festivale, que até então eu só tinha ouvido (e muito, muitas vezes) falar. Entrei no ônibus, literalmente apaguei, não vi acho que dez quilômetros da viagem. No outro dia, às onze da manhã, chegamos em Araçuaí. Parecia a parte ll do sonho que eu tinha acabado de viver em Milho Verde...e realmente foi. Um lugar quente, um povo caloroso, extremamente receptivo, enfim. Disse isso logo que cheguei à uma moça, e ela me respondeu assim: "Bem-vindo ao Vale do Jequitinhonha"! A partir dessas boas vindas, tudo que aconteceu, foi mágico, um sonho daqueles que a gente não quer acordar de jeito nenhum... Grupos de Cultura Popular na rua, gente feliz, artesanato, teatro de rua... Ah, gente, eu dizia: Quando eu morrer, quero ir para um lugar assim! E todos riam... Inclusive eu. A noite, mais sonhos: Shows, Festival da Canção, Noite Literária, e quando eu pensava que tinha acabado... Vinha uma tal de Barraca do Festivale... Gente, o que fiz de contatos, que viraram amizades, que viraram irmandades, cês não têm ideia. OBS: Tô escrevendo, chorando, e vendo Josino Medina com o Boi Menino no pátio da escola Industrial aqui na mente, pulando nos shows de Rubinho, Pereira, Tau, Wilson, Celso Moretti, Cessando Areia com Carlos Farias e as Lavadeiras, meus vizinhos do Tambolelê, tô no palco com o Coral Araras Grandes, na beira do Rio Araçuaí benzendo as águas com as Lavadeiras, mas também lamentando não ter podido dar uma canja no show de um tal de Verono. Mas tô emocionado também, e com um refrão na cabeça, que diz assim: "O Jequitinhonha, o Jequitinhonha, o Rio de histórias e dor. O Jequitinhonha, o Jequitinhonha, o Rio de histórias e amor" (Walter Dias) Histórias que vivi em tantos outros Festivales, e amor...o amor que nutri pelo Vale do Jequitinhonha, e que sinto, foi e é recíproco. O jovem que "caiu de paraquedas" num tal de Festivale, se apaixonou pelo Festi e hoje não vive sem o Vale! Viva o Festivale! Viva o Vale, Vida, Verde, Versos e Viola!
Aender Reis Músico Percussionista, compositor e um eterno amante e defensor do Vale do Jequitinhonha!



2 comentários:

  1. Grande Mestre Aender, menino moleque que chegou batucando nossos corações. Seja muito bem vindo a essa grande Família que é o Festivale. E olha que nem do Vale eu sou.

    ResponderExcluir

MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS

  Imagem: Internet   Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...