Atualmente tenta-se organizar as cidades em vias, largas, pavimentadas, preferência por asfalto, como se a única preferência no momento seja a ocupação para veículos de todas as espécies, mas, não devemos esquecer e sempre recobrar a memória a nossa origem de ocupação, cuja pergunta simples nos remete aos pensamentos quase sempre ao tempo de infância – Lembra,como era sua casa, sua rua, seu bairro?
Há de se lembrar das ruas estreitas, em que a novidade era a carroça, a boiada nos dias de semana que passava em nossas portas, com um vaqueiro à frente com uma bandeira vermelha a frente, em sua indumentária de couro, era mesmo um espetáculo! Muitas vezes ao ouvir o som do aboiador, corríamos à cozinha para jogar sal no fogo, no intuito de desfazer a harmonia da boiada, pois nossos avós nos ensinava a terrível simpatia.As mães enlouquecidas, não sabiam se xingava ou corria para fechar as portas e janelas, pois nossas casas eram construídas no alinhamento das mesmas.
Os becos eram vias pequenas entre ruas ou ligações entre travessas, para se chegar mais rápido ao centro da vila, quanto casos acontecidos: moças que se perdiam, pois não se dizia que a moça perdeu a virgindade, ou ela se perdia ou ainda saia de casa, era quando engravidava, uma lástima para a família e notícia para toda a cidade. Nestes estreitos becos, haviam ocorrências trágicas, pois ocorriam as tocaias, quando alguém tinha um desafeto com outro e não tinha coragem de assumir frente-a-frente, faziam emboscadas ou tocais para matar ou dar uma lição; mas também havia espetáculos formidáveis: Brigas de casais ou de mulheres enciumadas, esperavam por suas inimigas nestes estreitos becos e as cenas vistas por todos que apreciavam tais acontecimentos, até que alguém aparecia para o deixa disso.
E assim nossas recordações resguardam um tempo de muitas precariedades, atualmente, na invenção e organização dos espaços urbanos, é preciso pensar naqueles poucos vestígios que conservam de fato nossa recordação, a cidade pertence uma gama de gente ávida por construir e reconstruir, mas nunca esqueça de conservar nem que seja um pequeno traçado de sua nascença.
Texto: Ângela Gomes Freire
Beco em Itinga - Foto: Jô Pinto
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