segunda-feira, 10 de abril de 2023

MEMÓRIA CULTURAL - Artesão do Sertão


 

Em 30 de maio, de 2021 publicamos uma matéria com o título “Seu Tião e a arte do sertão”. A importância de se escrever é simplesmente: Deixar registrado um pouco de quem somos e como somos gente de labuta, nem sempre sabemos o que escrever para não entristecer as pessoas. Mas escrever sobre pessoas é uma tarefa de muita responsabilidade, é como tirar o retrato, pegar sua essência e escrever aquilo que melhor condiz com a sua pessoa.

Foi assim com Sebastião Moreira, que se declarava “Caboclo” por ter nascido em uma geração “misturada”, como ele explicou na época, ou seja, processo de miscigenação do índigena, negro e branco, da região de Coronel Murta.

A importância de ter um movimento cultural ativo e atento, não apenas pela sua amostragem de produção artística. Este senhor nascido em 1945, nos rincões deste sertão, trabalhou no campo em boa parte de sua vida. Trocou as brincadeiras de menino para trabalhar duro na roça e lutar pelo sustento da família. Mas através de sua filha Maria Luiza Moreira ou “Luiza Aranã”, que teria apresentado o mundo das artes, em eventos culturais e ao seu primeiro FESTIVALE, na cidade de Capelinha. A partir daí aquele homem resolveu pegar sua carapuça do menino arteiro e resolveu brincar de novo.

 Em 2010, na cidade de Padre Paraíso, o homem não era mais Sebastião, virou “Tião –Artesão da Itira”. Sua coleção de animais silvestres, canoas, canoeiro, imagens de Nossa Senhora e São Francisco. Tudo feito em madeira morta, trabalhada com sua técnica de esculpir, comunicação entre o imaginário e infância.

Quando foi convidado para levar suas peças para “Exposição Aparecida – 300 anos”, em Belo Horizonte no Centro de Arte Popular – Cemig, e cumprimentar o Secretário Estadual de Cultura da época, Angelo Osvaldo. Revelou tamanha gratidão pelo reconhecimento, não por ser homenageado somente, mas por mostrar a sua devoção compartilhada com outras pessoas, inclusive por uma autoridade do estado.

Segundo dele:__”Fazer os bichos do mato é como dar vida, pena que eles não possam voar de verdade! E fazer uma peça de santo é como uma reza, uns gostam de segurar no rosário para rezar, e, eu rezo dando forma ao santo de minha cabeça”(não segurando a risadinha marota, abaixa a cabeça, num gesto de menino acanhado).

Assim se encerra um ciclo de vida, do homem que foi Sebastião Moreira, em 09 de Abril, de 2023, mas o menino “Tião” agora segue brincando com seus bichos de seu sertão, festejando nas folias, do mundo espiritual, com Sâo Francisco e a  Virgem Maria.

Por



 

 

 

 

domingo, 9 de abril de 2023

GIRO PELO VALE - Vale do Jequi de luto ,Faleceu seu Tião Artesão


 

É com muito pesar que comunicamos o falecimento do artesão Sebastião Moreira Santos ,

Seu Tião como gostava de ser chamado, revela  despontou e se descobriu neste ofício de artesão , acompanhado pela sua companheira que também aprendeu o ofício.

Nascido na Fazenda Santa Rita,  em 20 de abril de 1945, município de Coronel Murta, a história de sua família remonta ao processo de miscigenação entre índios, negros e brancos trabalhadores da região de Coronel Murta. Seu Tião se autodeclara “Caboclo”.

Foi casado com uma descendente dos povos originários Aranãs, no qual constituiu família, mas depois se separou da sua esposa.

No final dos anos de 1990, passou a acompanhar sua filha Luíza Índia Aranã, em eventos culturais, expondo peças como colares, brincos e pulseiras que representam a sua etnia indígena.  

Com o tempo resolveu criar suas próprias peças, no qual fazia quando criança para brincar, peças feitas de madeiras: Figuras humanas e os bichos que ele observa nas matas do cerrado do Vale do Jequitinhonha.

Sua primeira exposição a convite da diretoria da FECAJE na época foi no FESTIVALE, do ano de 2010, na cidade de Padre Paraíso/MG. A arte, que ele gostava de fazer desde criança, para sua emoção foi muito bem recebida, todas as peças foram vendidas.

Ele se sentiu muito valorizado, e resolveu seguir desenvolvendo e aprimorando seu trabalho.

Revela para confeccionar sua peças sempre usou  madeira seca de arvores já morta, preferencialmente a emburana, por ser leve e fácil de manusear.  Conta que cada peça é batizada por um nome, seu trabalho já foi até para o exterior.

Em 2017, houve uma exposição em Belo Horizonte, denominada  de  “Exposição Aparecida – 300 Anos”, no  Centro de Arte Popular – Cemig, integrante do Circuito Liberdade, ele se sentiu muito lisonjeado pelo convite.

Tive a honra de convida- lo para sua primeira exposição  quando ajudei a coordenar a Feira do Festivale.

Morre o homem e fica seu legado como artesão, pai , esposo e um amigo que contribuiu para o fortalecimento da cultura só Vale do Jequitinhonha e de Minas Gerais.

Vai na luz meu amigo......




 

 

MEMÓRIA CULTURAL - UM CASO DE AMOR NA ROTA BAHIA-MINAS

  Imagem: Internet   Seu maquinista! Diga lá, O que é que tem nesse lugar (...) Todo mundo é passageiro, Bota fogo seu foguista ...