sexta-feira, 23 de maio de 2025

CONHECENDO O JEQUI - Cabo de Machado

Comunidade  Quilombola de Mocó - Francisco Badaró/MG


Cabo de Machado é o nome mais comum, mas também é conhecido como Bolo de Folha, Miguelão, Miguelinho, Zé Pelado, Careca, Cobu, Pau a Pique, Broa de fubá, João Deitado, entre outros nomes. É uma iguaria muito tradicional da gastronomia do Vale do Jequitinhonha, especialmente presente nas comunidades quilombolas da região, é também encontrada em outras regiões de Minas e do Brasil. Seu ingrediente principal é o fubá, e sua preparação carrega consigo a história e a cultura de nosso povo.

Esse bolo é um verdadeiro símbolo da culinária afetiva do Vale do Jequitinhonha, trazendo consigo o sabor da tradição e a simplicidade dos ingredientes típicos da região. Além de delicioso, o uso das folhas de bananeira ajuda na proteção ao assar, confere um aroma especial e mantém a umidade da massa, tornando-o ainda mais irresistível. Mas também reflete práticas sustentáveis e o respeito ao meio ambiente, características fundamentais da culinária quilombola.

O Cabo de Machado no Vale do Jequitinhonha, tem suas raízes na tradição alimentar das comunidades quilombolas, que desenvolveram receitas a partir dos ingredientes disponíveis em seus territórios. A culinária quilombola é um reflexo da resistência e adaptação dessas comunidades, que fugiram da escravidão e estabeleceram modos de vida autossustentáveis.

A base alimentar dos quilombolas inclui cultivos como mandioca, milho, feijão e banana, ingredientes que são utilizados em diversas preparações tradicionais. O Cabo de Machado, feito principalmente com fubá, é um exemplo dessa criatividade culinária, onde técnicas ancestrais de cozimento e preservação dos alimentos foram mantidas ao longo das gerações.

O Cabo de machado é muito mais do que uma simples receita para as comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha. Ele representa identidade, resistência e tradição, sendo um símbolo da conexão dessas comunidades com sua história e seus saberes ancestrais. Ele carrega consigo saberes transmitidos de geração em geração, reforçando a identidade quilombola e a valorização da cultura afro-brasileira.

O cabo de Machado faz parte dos rituais e celebrações, é frequentemente preparado em festas e encontros comunitários, reforçando laços sociais e celebrando a cultura quilombola.

Essa iguaria não é apenas um alimento, mas um patrimônio cultural, que mantém viva a história e os costumes das comunidades quilombolas em nossa região.

Ele é muito comum nas três regiões que compõem o Vale do Jequitinhonha, Alto, Médio
e Baixo, nas minhas andanças por esse Jequi, já tive a oportunidade de experimentar em Felisburgo, Almenara, Jequitinhonha, Itinga, Jenipapo de Minas, Berilo, Francisco Badaró, Capelinha, Chapada do Norte, Minas Novas, Capelinha, Leme do Prado, Diamantina, Serro e Gouveia.  O nome varia de lugar para lugar, assim como a receita.  A base é sempre o fubá, mas outros ingredientes são adicionados como: rapadura, amendoim, queijo, doce de leite, goiabada e coco.

A culinária mineira é uma de nossas identidades e eu mesmo não sendo especialistas no assunto, acredito que o Cabo de Machado ou como queiram chamar é um símbolo da culinária do Vale do Jequitinhonha.


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quinta-feira, 22 de maio de 2025

DIÁRIO DE LEITURA - Dica de Leitura: Violações dos Direitos Humanos das Mulheres na Ditadura

Foto: Internet


Dica de Leitura da Semana: Violações dos Direitos Humanos das Mulheres na Ditadura

Essa semana, trago uma leitura potente, dolorosa e urgente: o artigo “Violações dos direitos humanos das mulheres na ditadura”, de Vera Silva, publicado na Revista Estudos Feministas. É uma leitura que fala de dor, coragem, silêncio… e sobretudo de memória.

O texto nos leva de volta aos anos de chumbo da ditadura militar brasileira (1964–1985) e escancara uma face ainda pouco discutida da repressão: a violência específica cometida contra as mulheres. Mais do que perseguição política, elas enfrentaram uma repressão misógina, sistemática e marcada por torturas sexuais, estupros, ameaças envolvendo filhos e gravidez, humilhações baseadas na sexualidade e no papel social da mulher. O corpo feminino virou campo de batalha — usado como instrumento de castigo, silenciamento e controle.

A autora nos lembra que o silêncio em torno dessas violências não foi apenas ausência de discurso, mas também uma política de repressão. Como diria o sociólogo Michael Pollak, o silêncio pode ser uma forma de sobrevivência. Muitas dessas mulheres só puderam contar suas histórias mais de 40 anos depois, graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade (2011–2014), que abriu espaço para que essas vozes finalmente fossem ouvidas.

Essa escuta pública não é apenas simbólica — ela é um ato político de reconhecimento e reparação. O Brasil ainda deve muito às mulheres que resistiram e sofreram nas mãos do Estado. Os crimes sexuais cometidos naquele período são classificados como crimes de lesa-humanidade: não prescrevem, não devem ser esquecidos e precisam ser investigados.

Discutir esse tema hoje é essencial, especialmente num momento em que discursos autoritários e tentativas de apagar a história ganham espaço. Lembrar é resistir. Trazer à tona essas memórias é um passo necessário para que o corpo da mulher deixe de ser um território de repressão e se afirme como espaço de fala, de luta e de reconstrução da verdade.

 

Leia o artigo completo em: https://www.scielo.br/j/ref/a/fj3JtHZGBYcHgWMPPjZsHvs/#


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quarta-feira, 21 de maio de 2025

OPINIÃO DO BLOG - Tombamento da bacia do Rio Jequitinhonha, o que mudou?

Rio Jequitinhonha em Itinga - Foto: Jô Pinto


O tombamento estadual da Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha e sua declaração como monumento natural, estabelecidos pela Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989, representam um marco na proteção ambiental e cultural da região. No entanto, é fundamental questionar se essas medidas têm sido eficazes na preservação dos ecossistemas e na valorização das comunidades locais que habitam o vale do Jequitinhonha.

Historicamente, a região do Alto Jequitinhonha foi explorada economicamente desde o século XVIII, principalmente devido à mineração de ouro e diamante. Com a decadência dessa atividade, o território passou por uma diversificação econômica, adotando a criação de gado e o cultivo agrícola. Depois vieram a monoculturas, entre ela a do Eucalipto, que na década de 1970 chegaram como a redenção econômica do Vale do Jequitinhonha, retorna se a exploração da mineração: grafite, granito e lítio, todos esses processos, associados ao clima semiárido, impôs desafios à sustentabilidade e ao desenvolvimento da população local, que, ainda hoje, enfrenta dificuldades relacionadas à escassez de recursos hídricos e à baixa infraestrutura.

A proteção jurídica da bacia hidrográfica é um passo significativo para sua conservação. No entanto, políticas públicas voltadas à preservação ambiental devem ser acompanhadas de investimentos reais na recuperação dos recursos naturais e na melhoria das condições socioeconômicas dos habitantes.

   A mera declaração do rio como monumento natural não é suficiente se não houver iniciativas concretas de combate à degradação ambiental, incentivo à agricultura sustentável e valorização das manifestações culturais locais.

A riqueza histórica e cultural do Vale do Jequitinhonha é um dos maiores patrimônios da região, refletida nas tradições das lavadeiras, na musicalidade dos violeiros e na identidade única de sua população.

 Contudo, a proteção desse patrimônio deve ir além do reconhecimento formal e se traduzir em políticas inclusivas que promovam o desenvolvimento sustentável, garantindo dignidade e oportunidades para aqueles que vivem às margens do rio Jequitinhonha.

Portanto, o tombamento estadual da bacia representa um avanço simbólico, mas que precisa ser constantemente revisado e complementado por ações eficazes. Sem isso, corre-se o risco de que essa proteção seja apenas uma formalidade, sem impactos reais na melhoria da qualidade de vida da população e na preservação ambiental desse bem que mantem viva a vida dessa região.


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terça-feira, 20 de maio de 2025

CONTOS E CRÔNICAS DO JEQUI - A Traíra do Acari

Foto: Internet


 

"Não é história de pescador", me garantiu o Mestre artesão Ulisses Mendes, ajeitando o chapéu antes de começar seu relato.

 

         Aconteceu na comunidade dos Campinhos, este lugar no passado foi habitado pelos índios Botocudos, Acari é uma árvore de médio porte, muito encontrada na região dos campinhos, há mais ou menos um cem ano atrás havia no rio Jequitinhonha nas redondezas do lugar havia uma abundancia de peixes e na sua margem um enorme pé de Acari sombreando as águas.

De repente, os peixes começaram a desaparecer e todas as vezes que os pescadores jogavam seus anzóis, algo muito grande puxava os anzóis e quebravam as linhas, alguns pescadores mandaram um ferreiro forjar anzóis em aço, mas de nada adiantou, aquela coisa de olho aceso e corpo grande vinham e destruía tudo, o povo já assustado ora falavam que era uma traíra enorme, ora não sabiam explicar o que era, então chamaram João Leão um dos mais experientes pescadores daquela região, na sua imensa sabedoria passou três meses confeccionando uma tarrafa com a melhor linha da época.

Partiram os homens para tentar capturar a traíra ou outro ser, os pescadores jogaram os anzóis e fisgaram, João Leão na sua esperteza lançou a tarrafa sobre ela e foi ai que eles viram com olhos de espanto, lá estava ela: uma traíra enorme traíra de olhos que encantavam os seus caçadores, mas, como uma benção a traíra se livrou dos anzóis e destruiu a tarrafa deixando todos mais um vez frustrados. Os pescadores tentaram matá–lá com armas de fogo e nada adiantou, com todos estes acontecimentos os homens não se animavam em ir mais pescar. Eles tinham certeza que aquela era uma traíra abençoada por Deus, encantada.

Passaram-se alguns meses e os peixes voltaram a saltitar de novo no rio e os pescadores voltaram a pescar, passando a acreditar que a traíra encantada do Acari, nadava pelo rio Jequitinhonha, protegendo o ciclo da vida, e sendo assim os pescadores evitavam a pesca na época da desova, se cumpria o que para nós hoje é a piracema, ou seja, a época em que os peixes se reproduzem.

 

Texto adaptado por Jô Pinto, baseado no conto narrado pelo Mestre artesão Ulisses Mendes, um exímio contador de causos em Itinga.


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segunda-feira, 19 de maio de 2025

MEMÓRIA CULTURAL - A importância das Fábricas de Tecidos: Pereira Murta e Cia e Biribiri na indústria têxtil Mineira

 

Tear na Comunidade Quilombola de Tocoios/Francisco Badaró/MG




No século XIX, Minas Gerais testemunhou um crescimento expressivo na produção de tecidos, impulsionado pela criação de fábricas e pelo fortalecimento da atividade artesanal. Esse avanço foi especialmente marcado pela participação feminina, que desempenhou um papel essencial na confecção e no aperfeiçoamento dos produtos têxteis.

Dentre as fábricas que se destacaram nesse período em Minas Gerais, duas são do Vale do Jequitinhonha: a fábrica do Biribiri, localizada em Diamantina e a fábrica Pereira Murta e CIA, também conhecida como “Fabrica de Tecido Bom Jesus da Lapa da Água Fria, localizada em Itinga.

Ambas foram fundamentais para o desenvolvimento da indústria têxtil mineira, tornando-se importantes centros de produção e inovação. Com uma estrutura organizada e um modelo de produção eficiente, essas fábricas ajudaram a consolidar Minas Gerais como um polo relevante no cenário têxtil brasileiro.

Além do impacto econômico, a expansão da produção de tecidos no estado contribuiu para mudanças sociais significativas. Esse período, portanto, marcou um capítulo relevante na história industrial e cultural de Minas Gerais, evidenciando a força da produção têxtil e suas múltiplas influências.

A Fábrica de Tecido de Itinga foi idealizada pelo Comendador Candido Freire de Figueiredo Murta, deputado geral, e do Major João Antônio da Silva Pereira, Para que o sonho da fábrica se concretizasse eles reuniram outros cidadãos da então Vila Itinga e criaram a “Sociedade dos Filhos de Itinga” e importaram da Europa, mas precisamente da Bélgica, pesadíssimos maquinários (80 Teares, dois Gomadores de 1000 kg e outros equipamentos). a fábrica foi instalada em 1880,na comunidade de Água Fria, próxima ao Ribeirão Água Fria, aproximadamente a 7 km da sede do município. O algodão que existia em abundância na região, vinha principalmente da própria Itinga, São Domingos (hoje Virgem da Lapa), Lufa (hoje distrito de Novo Cruzeiro) e  Agua Suja ( Hoje Berilo). A Fábrica produzia principalmente os tecidos: Pano americano e o riscado Xadrez. Com uma crise econômica e também uma grande enchente em 1928 no Ribeirão Água Fria que destruiu partes da fábrica, a mesma entra em colapso e é desativada. Alguns teares foram vendidos para o empresário Antônio Mendes Campos e levados para Pirapora no norte de Minas. Infelizmente restaram apenas as memórias da fábrica e pouquíssimos objetos.

 A Fábrica de Tecidos do Biribiri, está localizada a cerca de 12 km de Diamantina, foi um exemplo relevante da produção têxtil na região.  A Fundação foi feita por  Dom João Antônio dos Santos, primeiro Bispo de Diamantina, e sua família, no final do século XIX. A produção têxtil na região era, em geral, mais voltada para o artesanato e a produção de tecidos mais simples. Na década de 1920, era controlada por Duarte & Irmão e foi  comprada em 1922 pelo  do Banco Hipotecário do Brasil . A fábrica funcionou até 1973, quando foi fechada por motivos econômicos. A fábrica e a vila operária foram tombadas como patrimônio histórico e paisagístico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) em 1994 e atualmente é um espaço turístico, que preserva a memória da fábrica e da vila operária. 

As duas fábricas tinham algo em comum, a hierarquia baseada no gênero, com mulheres ocupando funções de fiandeiras e tecelãs, e homens ocupando funções administrativas.

As fabricas se foram, mas o oficio de plantar o algodão, fiar e tecer: os tecidos, colchas, tapetes e outros ainda permanecem vivas com as mestras artesãs em alguns municípios de nosso Jequi.

 

Fonte:

BORGES. Kátia Fanciele Corrêa. Tecendo relações e salvando almas: as operárias da fábrica de tecidos do Biribiri / Diamantina/MG (1926-1931)

MOURA. Marcelo Duarte. A indústria artesanal de tecidos em minas gerais na 1ª metade do século XIX.

PINTO. José Claudionor dos Santos. Memórias de Itinga. Centro Cultural Escrava Feliciana. 2009.


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quinta-feira, 15 de maio de 2025

DIÁRIO DE LEITURA




Dica de leitura da semana

Nossa dica de leitura desta semana é "Válida", noveleta da escritora Herena Barcelos, uma mulher de múltiplas atuações e profunda inserção no cenário cultural do Vale do Jequitinhonha. Agente cultural, nutricionista, funcionária pública, Mestra em Estudos Rurais, Conselheira de Patrimônio, mãe e escritora, Herena é membra do Centro Cultural Escrava Feliciana, criou o coletivo literário VOHEJAR e coidealizou o Movimento dos Poetas e Escritores do Vale do Jequitinhonha. Coordena o Leia Mulheres Araçuaí e ocupa a cadeira 39 da Academia de Letras do Vale do Jequitinhonha – ALVA. Com trajetória premiada em concursos regionais e nacionais, já ministrou oficinas, publicou dois livros autorais, prefaciou e organizou obras, além de participar de diversas coletâneas literárias e acadêmicas.

 "Válida" é uma narrativa simbólica e potente, com apresentação de Jucilene Vieira e prefácio de Wederson Moraes, é um texto metafórico, que conta a história de uma moça que deixa o lugar SEU e vai pra o lugar QUALQUER à procura de sucesso, um sucesso que nem ela mesma sabe o que é. No entanto, Válida tem em si a ideia de ser miserável, o que reflete em diversas tentativas frustradas de ser bem sucedida. Até que ela conhece Genuíno, uma personagem carregada de simplicidade e honestidade, que lhe ajuda a olhar para si e superar as fragilidades da sina de ser miserável.

— Do meu sonho.

— Que sonho?

— Esse negócio que comecei.

— Você o ama?

— Amo. É preciso amar nossos sonhos.

— Não sabia.

— Você não ama seu sonho?

— Qual?

— De ter sucesso.

— Não sei.

— Então não ama.

— Como sabe?

— Amor a gente tem certeza.

Uma leitura tocante sobre sonhos, fracassos, encontros e a coragem de se reinventar.

Boa leitura.


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quarta-feira, 14 de maio de 2025

OPINIÃO DO BLOG - A importância das Comunidades Quilombolas na Formação Sociocultural do Vale do Jequitinhonha

Foto: Jô Pinto - Griôs da Comunidade Jenipapo Pinto de Itinga/MG


O povo quilombola do Vale do Jequitinhonha representa uma parte essencial da história, cultura e resistência do Brasil. Descendentes de africanos que escaparam da escravidão e formaram comunidades autônomas, os quilombolas são guardiões de tradições ancestrais, transmitindo conhecimentos sobre agricultura, culinária, artesanato e espiritualidade.

No Vale do Jequitinhonha, essas comunidades desempenham um papel fundamental na preservação da identidade cultural, mantendo vivas práticas como a cerâmica artesanal, os cantos e danças tradicionais, além de modos sustentáveis de cultivo e produção. Apesar dos desafios socioeconômicos, os quilombolas resistem e reivindicam direitos sobre suas terras, lutando pelo reconhecimento e pela valorização de sua contribuição à sociedade.

Além de serem um símbolo da luta por justiça e igualdade, os quilombolas do Vale do Jequitinhonha também representam a riqueza da diversidade brasileira, promovendo um legado de resiliência, coletividade e conexão com a natureza. Respeitar e apoiar essas comunidades é essencial para a construção de um país mais justo e plural.

Os quilombolas mantêm vivas diversas tradições culturais que refletem sua ancestralidade africana e a resistência de suas comunidades. No Vale do Jequitinhonha, essas práticas são fundamentais para preservar a identidade e fortalecer os laços sociais., as comunidades quilombolas são conhecidas pelo trabalho artesanal, especialmente a cerâmica e o bordado, que representam histórias e elementos da cultura local.

A alimentação quilombola é outro elemento importante, marcada por receitas que misturam ingredientes típicos da região com técnicas ancestrais, como o uso da mandioca, o preparo de quitutes como bolos e biscoitos, e pratos à base de feijão, carne de porco e o famoso cabo de machado ou bolo de folha

Festas como as da Irmandade do Rosario dos Homens Pretos, Festas de Reis, e as comemorações de São João envolvem música, dança e muita comida típica, fortalecendo a identidade comunitária.

Expressões culturais como o batuque são comuns em algumas comunidades, trazendo ritmos africanos e versos que contam histórias de luta e resistência.

             A preservam e práticas religiosas de matriz africana, como rituais que honram ancestrais e crenças ligadas à natureza e ao equilíbrio espiritual é também uma manifestação importante para esse povo.

Essas tradições não apenas celebram a cultura quilombola, mas também ajudam na manutenção da memória coletiva e no fortalecimento da identidade comunitária. É um verdadeiro patrimônio que merece reconhecimento e valorização!

As tradições quilombolas continuam desempenhando um papel fundamental na sociedade contemporânea, pois representam resistência, identidade e conexão com a ancestralidade.  As práticas culturais quilombolas garantem que conhecimentos, histórias e modos de vida sejam transmitidos de geração em geração, mantendo vivas as raízes africanas no Brasil e ajudam a unir as comunidades, reforçando o senso de pertencimento e fortalecendo laços sociais entre os membros. O patrimônio cultural quilombola faz parte da riqueza e pluralidade do Brasil, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.

A luta pela preservação das tradições também é uma forma de enfrentamento contra o apagamento histórico e a marginalização social dos quilombolas. Muitas práticas quilombolas envolvem agricultura sustentável e respeito à natureza, promovendo modos de vida mais harmônicos com o meio ambiente. O legado quilombola se reflete na música, na gastronomia e nas expressões artísticas brasileiras, enriquecendo a cultura nacional.

Valorizar e apoiar as tradições quilombolas significa reconhecer a importância da diversidade e fortalecer a luta por justiça e igualdade. É essencial garantir que essas comunidades tenham seus direitos respeitados e possam continuar cultivando suas práticas culturais sem barreiras e perseguições.


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CONHECENDO O JEQUI - Cabo de Machado

Comunidade  Quilombola de Mocó - Francisco Badaró/MG Cabo de Machado é o nome mais comum, mas também é conhecido como Bolo de Folha, Miguelã...