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Comunidade Quilombola de Mocó - Francisco Badaró/MG |
Cabo de
Machado é o nome mais comum, mas também é conhecido como Bolo de Folha, Miguelão,
Miguelinho, Zé Pelado, Careca, Cobu, Pau a Pique, Broa de fubá, João Deitado,
entre outros nomes. É uma iguaria muito tradicional da gastronomia do Vale do
Jequitinhonha, especialmente presente nas comunidades quilombolas da região, é também
encontrada em outras regiões de Minas e do Brasil. Seu ingrediente principal é
o fubá, e sua preparação carrega consigo a história e a cultura de nosso povo.
Esse bolo é
um verdadeiro símbolo da culinária afetiva do Vale do Jequitinhonha, trazendo
consigo o sabor da tradição e a simplicidade dos ingredientes típicos da
região. Além de delicioso, o uso das folhas de bananeira ajuda na proteção ao assar,
confere um aroma especial e mantém a umidade da massa, tornando-o ainda mais
irresistível. Mas também reflete práticas sustentáveis e o respeito ao meio
ambiente, características fundamentais da culinária quilombola.
O
Cabo de Machado no
Vale do Jequitinhonha, tem suas raízes na tradição alimentar das comunidades
quilombolas, que desenvolveram receitas a partir dos ingredientes disponíveis
em seus territórios. A culinária quilombola é um reflexo da resistência e adaptação dessas
comunidades, que fugiram da escravidão e estabeleceram modos de vida
autossustentáveis.
A
base alimentar dos quilombolas inclui cultivos como mandioca, milho, feijão e banana, ingredientes que são
utilizados em diversas preparações tradicionais. O Cabo de Machado, feito
principalmente com fubá,
é um exemplo dessa criatividade culinária, onde técnicas ancestrais de
cozimento e preservação dos alimentos foram mantidas ao longo das gerações.
O Cabo de
machado é muito mais do que uma simples receita para as comunidades quilombolas
do Vale do Jequitinhonha. Ele representa identidade, resistência e tradição,
sendo um símbolo da conexão dessas comunidades com sua história e seus saberes
ancestrais. Ele carrega consigo saberes transmitidos de geração em geração,
reforçando a identidade quilombola e a valorização da cultura afro-brasileira.
O cabo de
Machado faz parte dos rituais e celebrações, é frequentemente preparado em festas
e encontros comunitários, reforçando laços sociais e celebrando a cultura quilombola.
Essa
iguaria não é apenas um alimento, mas um patrimônio cultural, que mantém viva a
história e os costumes das comunidades quilombolas em nossa região.
Ele é muito
comum nas três regiões que compõem o Vale do Jequitinhonha, Alto, Médio
e
Baixo, nas minhas andanças por esse Jequi, já tive a oportunidade de experimentar
em Felisburgo, Almenara, Jequitinhonha, Itinga, Jenipapo de Minas, Berilo,
Francisco Badaró, Capelinha, Chapada do Norte, Minas Novas, Capelinha, Leme do
Prado, Diamantina, Serro e Gouveia. O nome
varia de lugar para lugar, assim como a receita. A base é sempre o fubá, mas outros
ingredientes são adicionados como: rapadura, amendoim, queijo, doce de leite,
goiabada e coco.
A culinária
mineira é uma de nossas identidades e eu mesmo não sendo especialistas no
assunto, acredito que o Cabo de Machado ou como queiram chamar é um símbolo da culinária
do Vale do Jequitinhonha.
Por